Já são conhecidas as primeiras confirmações para a 5ª edição do MEXE – Encontro Internacional de Arte e Comunidade, um encontro que se propõe a cruzar as dimensões artística, social, política e ética numa “celebração da inevitabilidade de estarmos juntos”.
Em linha com a urgência dos temas que têm ocupado a actualidade, estreia nacional para o projecto Coletiva Ocupação, um grupo de teatro composto por alunos de escolas ocupadas em São Paulo, Fado Bicha, voz a desbravar as barreiras do preconceito, e Duck March, uma marcha coreografada sobre a maternidade composta apenas por mulheres grávidas.
A ter lugar entre os dias 16 e 22 de Setembro no Porto, o evento centrado nas práticas artísticas e participação assume-se como um espaço de debate sobre “o comum”, tema desta edição, tentando responder a questões como estas, lançadas pelo director artístico Hugo Cruz.
Fica, à boleia do press release que nos chegou à redacção, a apresentação da edição deste ano do Mexe:
Num momento em que se assistem a ameaças sobre a possível militarização do ensino no Brasil, quatro meses depois da eleição de um governo cujo discurso e acções semeiam dúvidas sobre o que irá ser o futuro democrático do maior país da América Latina, importa ouvir as ruas. Quando Quebra Queima é uma dessas muitas vozes que, da música e teatro às artes visuais, agitam as consciências e o estabelecido. Um espectáculo que é festa, uma dança que é luta e que traz para o palco o grito de uma “guerra” que é preciso continuar a travar. Quando Quebra Queima é uma obra original da Coletiva Ocupação, grupo de teatro constituído por alunos que viveram, na primeira pessoa, o processo de ocupações e manifestações do “movimento secundarista”, que marcou o ano de 2015 em São Paulo. A estreia nacional acontece no MEXE numa coprodução com a Câmara Municipal do Porto no âmbito do programa Cultura em Expansão 2019. O colectivo irá ainda participar numa conferência realizada em parceria com o Serviço Educativo da Fundação de Serralves.
Fado Bicha é um projecto musical e ativista, criado em 2017 por Lila Fadista e João Caçador. Com raízes na canção nacional, a música, aqui, bebe inspiração nos ambientes marginais e boémios de uma Lisboa onde o fado era expressão livre das angústias do povo. Matéria-prima maleável, este fado é uma narrativa sobre a comunidade LGBTI em Portugal, que enfrenta, com coragem, a falta de representatividade, as regras e as barreiras heteronormativas da sociedade portuguesa. O recente tema “Lisboa Não Sejas Racista” agitou a opinião pública portuguesa, assumindo-se como uma música de intervenção contra o racismo, a violência policial e a ameaça aparente do fascismo.
A proposta da artista Caterina Moroni, Duck March, é uma invasão no feminino à cidade. Na forma de uma marcha de mulheres grávidas, todas elas anónimas, Duck March cria uma relação com o território e instiga à participação comunitária. O projecto, que teve origem em Itália, já marcou presença em diversas cidades mundiais e passará pela primeira vez por Portugal, no âmbito do Mexe.
À semelhança do que aconteceu nas últimas edições, a programação do festival integrará ainda uma selecção de projectos oriundos de um open call. No total, foram recebidas 270 candidaturas de 32 países nas áreas da Apresentação (espetáculos, instalações, performance), Formação (oficinas) e Documentários.
Reforçando o seu papel de ligação à cidade e de construção de um espaço alargado e diverso de cruzamento, a edição 2019 do festival apresenta ainda a novidade Mexe Casa. Uma nova proposta que dará a oportunidade a não moradores do Porto de viverem o encontro em maior proximidade com os colectivos, artistas, equipa e comunidade que a cada ano o constrói. O Mexe Casa integra alojamento, alimentação e bilhetes a preços especiais num desafio de viver em “Comum” e estará disponível no site do evento muito em breve.
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