No já muito concorrido universo literário infanto-juvenil, chega às livrarias e logo em dose dupla as aventuras do “Puto Detective: As Aventuras de Rory Branagan”, que com lombadas coloridas e um casamento perfeito entre texto e ilustrações prometem disputar os primeiros lugares das preferências dos mais novos.
Rory Branagan é um miúdo que vive obcecado com o desaparecimento do pai, que partiu sem dizer nada quando este tinha apenas três anos. Desde então, o assunto passou a ser tabu lá por casa. Uma casa que partilha com a mãe, que se transforma em bruxa quando alguém decide entrar no seu quarto – ou quando a maçam um pouco mais daquilo que a paciência permite -, com a tia Jo – com quem viu todos os episódios de CSI, Poirot e Sherlock – e Seamus, o irmão mais velho – um tipo mal-disposto que vive num quarto que está sempre escuro e que cheira mal como uma gruta pouco arejada.
A vida de Rory sofre um empurrão quando conhece Cassidy Corrigan, a pequena e metediça vizinha do lado, que o convence a tornar-se detective e a aceitá-la como cúmplice, qualquer coisa como uma versão de Watson em tamanho pequeno e no feminino.
“As Aventuras de Rory Branagan” (Porto Editora, 2019) é o primeiro e homónimo volume da colecção, onde Rory e Cassidy terão de descobrir quem está por detrás do envenenamento do Porquinho Gillian, um tipo que cria porquinhos-da-índia e que, de tempos a tempos, bate à porta dos vizinhos para vender ao preço da chuva coisas úteis como uma máquina de sumos ou um grelhador. O filho porquinho também não parece ter a conta toda, advogando ter um problema de saúde que o faz bater em pessoas quando se assusta ou fica nervoso.
As pistas apontam todas para o restaurante Pirata Terrível, decorado como um barco de corsários, mas não será fácil para esta dupla descobrir o culpado e ajudar Stephen Maysmith, o gigante inspector da polícia.
Em “Brigada Canina” (Porto Editora, 2019), Rory recebe uma carta do seu pai sete anos depois do seu desaparecimento, dizendo-lhe que está bem e no sítio onde foi mais feliz. Uma valente pista que Rory terá de deixar arrefecer, uma vez que há um novo caso entre mãos para a dupla: alguém anda a fazer desaparecer os cães do bairro.
Brendan O’Gooley, “o maior e pior brutamontes destes lados“, que “tem cabelo loiro e oleoso com uma risca ao meio que faz a cabeça dele parecer um RABO” – palavras de Rory -, é o descarado suspeito, mas a Gata diz-lhe e com razão que não se devem julgar as pessoas pela aparência, pelo que a lista de suspeitos engorda ligeiramente: há, por exemplo, uma “senhora dos cães” que baptiza os seus com nomes de celebridades como Nicki Minaj ou Ed Sheeran, ou os gémeos exibicionistas Beard, que querem ser jóqueis e se vestem como tal dia sim, dia sim.
Em grande destaque nesta história está o general Napoleão, ainda que no início Rory troque as suas tácticas de cerco pela mais festivas tácticas de circo. E, mesmo que o pequeno francês nunca tenha tido de se arrastar “de rabo no chão, como um cãozito com lombrigas“, os seus ensinamentos serão fundamentais para que seja encontrado o ladrão de cães. Para o final fica mais uma inesperada pista sobre o pai de Rory, deixando escancarada a porta para o próximo volume, que se irá chamar “O Grande Golpe”.
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