É, na tira que veste a capa, vendido como um cruzamento entre a encruzilhada histórica de Dan Brown e a atmosfera nórdica de Stieg Larsson, mas, na verdade, está muito mais perto de um policial cor-de-rosa à moda de uma Janet Evanovich – ainda que sem o sentido de humor desta. “O Colecionador de Pecados” (Casa das Letras, 2019), assinado pela russa Daria Desombre, constitui o primeiro de quatro thrillers que compõem a série Masha Karavai, que será publicada em Portugal pela Casa das Letras.
A história começa em Moscovo, quando é descoberto um cadáver de uma sem-abrigo na Praça Vermelha. O caso é entregue a Andrey, um detective pouco aprumado com um claro mau-feitio, que sem grande vontade o terá de partilhar com Masha Karavai, uma recém-formada estudante de Direito de 22 anos, que graças a uma cunha consegue um estágio na polícia, lugar onde tentará pôr fim à maior das suas obsessões: descobrir o assassino do pai.
É precisamente Masha que, com a ajuda do amigo e historiador Innokenty, encontra uma ligação entre este e outros crimes mais ou menos recentes, que têm a ver com o mundo simbólico da ortodoxia russa medieval e a sua ligação à Jerusalém Celestial, descrita em pormenor no livro do Apocalipse.
À medida que a relação entre Andrey e Masha vai melhorando, também o interesse do serial killer nesta última vai crescendo, tratando de apertar o cerco – ou o pescoço – aos que lhe são próximos, desafiando Masha para um jogo do gato e do rato.
“O Colecionador de Pecados” chega a prometer, mas cedo perde o fôlego para se transformar numa história amorosa com ecos de policial, oferecendo antes uma trama embrulhada sem grande esmero, entrecortada com alguns reparos à política russa, que nunca chega a deslumbrar – quer enquanto romance histórico, quer como policial. Brown e Larsson não moram decididamente aqui.
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