É aquele universo onde, por nossa vontade, colocaríamos uma lista de pelo menos uma centena. Acabámos por reduzir a coisa a 45, mostrando livros que são, cada um deles, um motivo para a pequenada fazer a festa. Seguem-se os nossos livros preferidos no que diz respeito às edições de 2018 do reino encantado da literatura infanto-juvenil.
45. “O Grande Mergulho” | Lucie Brunellière
Editora: Editorial Bizâncio
Um livro com banda sonora para as mais novas e futuras gerações, onde as músicas, ao invés de virem gravadas num CD, podem ser ouvidas em qualquer telemóvel a partir da digitalização de um QRCode, ou dando um pulo ao site da editora. Temos aqui o mar luminoso mas também o mar obscuro, o “negrume do abismo”, onde dominam as medusas, as borboletas-do-mar ou as lulas-vampiro. Ouvem-se tempestades, põe-se o dedo em águas polares, acabando tudo num mar quente onde todos parecem estar felizes. Vão-se preparando para que, depois disto, os mais pequenos vos peçam umas aulas de mergulho para quando o bom tempo regressar. (Ler crítica)
44. “A Montanha de Livros Mais Alta do Mundo” | Rocio Bonila
Editora: Jacarandá
“A Montanha de Livros Mais Alta do Mundo”, de Rocio Bonila, exalta o poder da imaginação, na passagem da infância para uma pré-adolescência, momento onde os ensinamentos dos pais são olhados como uma tremenda chatice. As ilustrações, onde dominam as aguarelas, contêm um traço delicado, seja na forma como apresenta ao leitor os animais, dispõe objectos como barcos, livros ou naves ou nos mostra um rapaz perdido no mundo das páginas impressas. (Ler crítica)
43. “O Elmer e o Wilbur” + “O Elmer e o Monstro” | David McKee
Editora: Nuvem de Letras
Publicado originalmente em Inglaterra no ano de 1968 (e, em 1989, como primeiro volume de uma colecção), “O Elmer” foi o primeiro livro que David McKee escreveu sobre o agora famoso Elmer, um elefante às cores que conta já com 34 títulos só seus, podendo ser considerado um clássico moderno, passando uma mensagem que salta desde logo à vista: não faz mal ser diferente – na maior parte das vezes até acaba por ser a melhor coisa a fazer. As ilustrações de McKee são uma delícia, em paisagens onde Elmer, que parece ter sido arrancado a um quadro modernista, se destaca pela diferença, e na forma como com a sua calma, sentido crítico, desejo de descoberta, sentido de humor e espírito temerário, trata de fazer da selva um lugar melhor para todos. Para além de Elmer, as histórias mais marcantes de McKee são “King Rollo”, “Two Monsters” e “História verdadeira e triste de seis homens que procuravam a paz”, este último com edição portuguesa pela Nuvem de Letras. (Ler crítica)
42. “Inventando Números” | Gianni Rodari e Alessandro Sanna
Editora: Kalandraka
Um jogo-diálogo onde surgem expressões populares como “três vezes três: é a conta que Deus fez” ou outras mais chanfradas como “três vezes quatro: bolo com gelado”, uma forma simpática de colocar a distância do continente à Madeira – “Mil quilómetros novos, um quilómetro usado e sete bombons” – ou estranhas formas de contar, como “una, duna, tena, catena, cigalha, migalha, carapim, carapés, conta bem que são dez”. As ilustrações de Alessandro Sanna são um verdadeiro festim, pinceladas de cor que criam formas com os números que, muitas vezes acabam por se fundir com as próprias personagens. Toneladas de engenho, imaginação e muita criatividade.” (Ler crítica)
41. “A Guerra” | José Jorge Letria e André Letria
Editora: Pato Lógico
As ilustrações respiram o ar carregado dos tempos de conflito, dominadas pelo cinzento e o preto, o branco pálido e um amarelo que já conheceu melhores dias. Se W.G. Sebald se tivesse dedicado a escrever e ilustrar livros para crianças, muito provavelmente ter-nos-ia oferecido um livro assim: poético, apontado à memória e à falta dela, e que mostra a decadência da civilização. Não será certamente para ler antes da descida ao mundo dos sonhos, mas é definitivamente um livro ilustrado que oferece um olhar certeiro e muito negro sobre a tragédia das guerras. (Ler crítica)
40. “Um Dia de Neve” | Ezra Jack Keats
Editora: Orfeu Negro
É, em primeiro lugar, um clássico da literatura infantil: levou para casa a Medalha Caldecott em 1963, foi seleccionado em 1996 pela New York Library como um dos Livros do Século e, em 2012 e pela Library of Congress, eleito como um dos Livros que Moldaram a América. Fala-se aqui de “Um Dia de Neve”, escrito e ilustrado por Ezra Jack Keats em 1962 – e inédito até hoje em Portugal -, livro onde, pela primeira vez no universo da literatura infantil, o protagonista é um afro-americano, o que faz dele uma referência de diversidade racial na literatura. (Ler crítica)
39. “O Homem de Ferro” | Ted Hughes
Editora: Ponto de Fuga
Neste “Homem de Ferro”, uma história de fadas alternativa com uma lata gigante e um morcego-dragão que vieram do espaço, Ted Hughes promove uma crítica ao mundo terrestre através do olhar de dois estranhos, ao mesmo tempo que exalta o poder de transformação da música: “estranha, desvairada e exultante“. Um livro belíssimo e de certa forma retro, que conta com ilustrações de Andrew Davidson, num traço negro e carregado onde se pressente a sombra do militarismo vigente na época. (Ler crítica)
38. “Boa Noite a Todos” | Chris Haughton
Editora: Orfeu Negro
Os desenhos são incríveis, dominados pelo azul e o cor-de-rosa, feitos de paisagens deslumbrantes e olhos ensonados. Algumas páginas parecem estar divididas por semi-separadores, mostrando, como se de um jogo se tratasse, o sono que impera numa selva, onde já quase ninguém consegue ter um olho aberto. (Ler crítica)
37. “O Lobo O Pato & O Rato” | Mac Barnett e Jon Klassen
Editora: Orfeu Negro
“Posso ter sido engolido mas não tenciono ser comido“. Palavras sábias estas, saídas do bico de um pato que, à maneiro de Gepeto mas com muito mais estilo e ainda maior arrumação, aprendeu a fazer vida na barriga de um lobo, fazendo do seu estômago uma casa que poderia ser capa e fazer as centrais de uma muito fashion revista de decoração. Os desenhos são já de assinatura: os tons meio desmaiados, os rostos expressivos, um jogo profundo entre a luz e a sombra, o fazer de cada página uma festa de aniversário. Pura Klassen, amigos. Isto é pura Klassen. (Ler crítica)
36. “Tomás o Traquinas” | Jorge Rico Ródenas e Anna Laura Cantone
Editora: Kalandraka
As ilustrações têm todo o ar de um parque de diversões, combinando a técnica da colagem de objectos e a utilização de texturas com a aguarela e os lápis de cor e de cera. Tudo para revelar personagens que, apesar de terem um certo ar grotesco, aparecem reveladas através de traços finos, dinâmicos e humanos. Quanto à moral que atravessa estas páginas, apesar de acusar alguma severidade, não deixará de fazer com que Tomás refreie a sua vontade de pregar partidas – ainda que, por aqui, apostemos que um traquinas será sempre um traquinas. (Ler crítica)
35. “O Estranho” | Kjell Ringi
Editora: bruáa
Muitos são os livros infantis que, de tempos a tempos, se atiram ao tema da ignorância e do preconceito, tantas vezes a partir da chegada de alguém vindo de fora que, a partir do momento em que invade um espaço até então imutável, passa a ser olhado com estranheza e desconfiança. É o que acontece em “O Estranho”, um livro escrito e ilustrado por Kjell Ringi, onde assistimos à chegada de um ser que deixa o país inteiro num estado de grande agitação. As ilustrações, contrapondo os habitantes com ar de hobbits ao gigante, mostram toda a pequenez do preconceito, fazendo uso de um humor quase caricatural – parecemos estar diante de mini-soldadinhos de chumbo – que ridiculariza a ignorância e a não-aceitação da diferença. Já diz a sabedoria popular e com razão: primeiro estranha-se, depois entranha-se. (Ler crítica)
34. “Alto, Baixo, Num Sussurro” | Romana Romanyshyn e Andriy Lesiv
Editora: Orfeu Negro
Uma enciclopédia visual sobre aprender a escutar, que fala a miúdos e graúdos do incrível e invisível mundo dos sons. E tudo com ilustrações que vão buscar prateados e cores vivas, também elas um big bang pintado de rosa, amarelo e verde. Levou para casa o Prémio Bologna Raggazzi 2018 na categoria de não-ficção. (Crítica em breve)
33. “Duarte” + “Canja de Galinha com Arroz” | Maurice Sendak
Editora: Kalandraka
A Kalandraka continua, em modo de serviço público, a servir aos leitores portugueses a obra de Maurice Sendak, um dos mais influentes autores e ilustradores que, desde 1951, concebeu mais de 90 livros infantis, que lhe valeram prémios tão distintos quanto a Caldecott Medal, em 1963, o Prémio Andersen, em 1970, e o Prémio Laura Ingalls, em 1983. Desta vez, chegam às livrarias nacionais dois títulos em formato bolso e de ar muito vintage, ambos dominados pelo muito particular e travesso humor de Sendak: “Duarte” e “Canja de Galinha com Arroz”. Ambos os títulos partilham ilustrações que utilizam quase exclusivamente o azul e o amarelo – para lá do clássico preto e branco -, bem como as rimas deliciosas, a subtil irreverência e um humor que, por direito próprio, poderá ser designado por Sendakino. Um festim duplo que integra uma famosa série de clássicos do autor/ilustrador de 1962, da qual fazem também parte “Vida de crocodilo, um alfabeto” e “João e mais oito, um livro para contar”. Uma colecção que foi distinguida pela Associação de Bibliotecas Americanas, tendo o próprio autor feito uma adaptação para o musical Really Rosie, de 1975, interpretado por Carole King. (Ler crítica)
32. “Os Contos de Beedle o Bardo” | J.K. Rowling
Editora: Editorial Presença
Ao contrário do que Rui Reininho cantava em “Valsa dos Detectives”, e ao pegarmos nesta nova edição de “Os Contos de Beedle o Bardo”, não daremos por nós a chorar pela versão original – ou sequer por fotocópias. Aliás, com o acrescento das notas do Professor Albus Dumbledore, torna-se impossível cortar o cordão umbilical que vai unindo os fãs de muitos anos à saga Harry Potter que, felizmente e graças à nova aventura cinéfila liderada por J.K. Rowling, intitulada “Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los” – já com dois filmes e dois guiões publicados -, promete não desaparecer do imaginário das novas gerações – e ainda bem, dizemos por aqui. (Ler crítica)
31. Colecção Meninas Pequenas, Grandes Sonhos | M.ª Isabel Sánchez Vegara
Editora: Nuvem de Letras
Foram já quatro os títulos da colecção Meninas Pequenas, Grandes Sonhos (Nuvem de Letras, 2018) a chegar às livrarias neste ano de 2018, cada um deles um conto rimado sobre algumas das mulheres mais marcantes da História. Uma colecção que, no mesmo espírito de outras como Histórias de Adormecer para Raparigas Rebeldes – já em dois volumes -, mostra como pequenos sonhos se transformaram, durante a vida ou para a posteridade, em inspiradoras histórias de vida, que acabaram por modificar a forma como olhamos o mundo em que vivemos. Todos os contos são poetizados por M.ª Isabel Sánchez Vegara, que em cada volume oferece uma curta mas sucinta nota biográfica. Já as ilustradoras mudam de título para título, numa variação de estilos e de abordagens – desde o ar mais infantil de “Amelia Earhart” ao quase total preto e branco de “Anne Frank” – que confere, numa mesma unidade temática, uma personalização a cada história, indo ao encontro daquilo que distinguiu cada uma destas mulheres e a forma como atravessaram e transformaram este mundo. (Ler crítica)
30. “O Secador de Livros” | Carla Maia de Almeida e Sebastião Peixoto
Editora: Caminho
Com texto de Carla Maia de Almeida e ilustrações de Sebastião Peixoto, “O Secador de Livros” apresenta-nos um núcleo familiar muito literato onde cada um é maluco à sua maneira: uns gostam de ler enquanto pescavam, outros enquanto vão dando comida à boca alheia, falhando avião atrás de avião; uns babando as páginas abertas depois de adormecerem, outros lendo romances góticos no espelho enquanto pintam o cabelo e arranjam as unhas. As ilustrações de Sebastião Peixoto são já de assinatura, revelando algum espírito de assombro, com olhos que parecem esconder muita traquinice e ainda mais malandragem. (Ler crítica)
29. “As Minhas Incríveis Férias de Verão” | Davide Cali e Benjamin Chaud
Editora: Orfeu Negro
A professora mais fantástica do mundo está de regresso à sala de aula para ouvir, com muita curiosidade, o seu pequeno e mais imaginativo aluno contar como foram “As Minhas Incríveis Férias de Verão”. As ilustrações de Benjamin Chaud são de suster a respiração, colocando em cada A5 o mundo inteiro, cada uma delas capaz de servir de princípio a uma história só dela. Mais um grande livro de uma dupla que já é maravilha há muito tempo. (Ler crítica)
28. “A menina que queria salvar os livros” | Jlaus Hagerup e Lisa Aisato
Editora: Nuvem de Letras
Mais uma história sobre o amor à literatura e aos livros, que aborda também temas como o medo de envelhecer e a ideia assustadora da morte. Uma história envolta num mistério acompanhada de ilustrações belíssimas e de espírito retratista, que recriam na perfeição a dimensão de sonho que o livro abraça. (Crítica em breve)
27. “WonderStruck – O Museu das Maravilhas” | Brian Selznick
Editora: Asa
Enquanto a história de Ben nos é contada através de uma narrativa tradicional, no formato escrito de um romance, a história de Rose chega-nos unicamente através de uma ilustração quase sempre silenciosa, em desenhos a carvão muitas vezes de página dupla que mostram, entre outras coisas, os museus como lugares de refúgio e a surdez como um mundo de ausência – captado de forma sublime pelas ilustrações. Uma pequena maravilha que chega às livrarias portuguesas numa edição muito bem desenhada, em capa dura e uma gramagem de papel que assenta bem a este misto de romance/BD. (Ler crítica)
26. “Supõe…” | Alastair Reid e JooHee Yoon
Editora: bruáa
Um dos livros mais divertidos deste ano, que nos leva a supor coisas como termos um irmão gémeo e, assim e em segredo, só precisarmos de ir à escola meio ano. As ilustrações acompanham este enorme rebuliço e espírito de absurdo, numa alucinação colectiva onde a moral, habitualmente em evidência, é deixada de lado em nome de uma imaginação amiga da boa parvoíce. (Crítica em breve)
25. “O Regresso da Baleia” | Benji Davies
Editora: Orfeu Negro
Apesar de um pouco menos surpreendente que o livro anterior, “O Regresso de Baleia” mantém a ternura em ponto de rebuçado e volta a servir desenhos fabulosos, tanto no traço como nas cores, sempre com pormenores que se vão descobrindo a cada nova leitura. Benji Davies, autor, ilustrador e realizador de animação, é talento em estado puro. (Ler crítica)
24. “Matilde” | Luís Correia Carmelo e Mariachiara di Giorgio
Editora: bruáa
“Matilde” fala de um (des)amor vivido em realidades paralelas, mostrando-nos, ainda que por caminhos travessos, uma grande verdade: “Há romances que estão condenados a durar pouco tempo“. E que, nesta coisa das paixões e relações, o que não falta são mal-entendidos, ilusões e ideias feitas. As ilustrações de Mariachiara di Giorgio são uma delícia, desde os grandes planos da gataria à forma como apresenta o interior da Boutique ou imprime movimento à vida de um bairro, seja na quietude da noite ou na azáfama matutina. (Ler crítica)
23. “Quadrado” | Mac Barnett e Jon Klassen
Editora: Orfeu Negro
Jon Klassen é um mestre, servindo qualquer coisa como um western geométrico, a que não falta um toque do último livro da saga Harry Potter – a escultura à chuva, por exemplo, chega perto do paraíso da ilustração. Falta agora o livro da forma mais redonda para que a trilogia feche em grande. (Ler crítica)
22. “O Melro Artista” | Marion Deuchars
Editora: Editorial Bizâncio
Esta é a história de “O Melro Artista”, escrita e desenhada pela escocesa Marion Deuchars, o seu primeiro livro ilustrado para crianças. Um livro onde se aprende o auto-reconhecimento, a táctica da dispersão do olhar e onde se coloca, ainda que brevemente, um pé dentro do mundo da arte para melhor conhecer génios da pintura e da arte como Matisse ou Pollock. Ou, também, a olhar para as mesmas coisas de um novo ângulo – para nós próprios e para os outros -, encontrando uma forma de contornar ou de dar a volta à tristeza. (Ler crítica)
21. “Mortina” | Barbara Cantini
Editora: Bertrand
Diz-se que o Natal deveria ser todos os dias mas, na opinião da Mortina, deveria ser antes o Halloween. É que esta menina é uma morta-viva, impedida pela sua tia de se misturar com as outras crianças. Assim, quando chega a noite do “doce ou travessura”, Mortina torna-se rainha, e nem sequer precisa de usar fantasia. Mas o que acontece quando se esquece dos mandamentos da tia e decide mostrar a sua habilidade assustadora especial? Um livro delicioso sobre o respeito pela diferença que está entre o humor de “A Família Adams” e o lado cénico de Tim Burton. (Crítica em breve)
20. “Fim? Isto não acaba assim” | Noemi Vola julia
Editora: Planeta Tangerina
Quem não gosta de um bom final? Ou, então, de um fim “demasiado lamechas”? A verdade é que há muitos finais: uns agradam outros não. Esta é a razão para se querer ser um “reparador de finais, isto é, alguém que conserta os finais das histórias”. Frases curtas ampliam e aprofundam a ilustração, sempre em plena articulação com o texto. Apesar de haver um fio condutor da narrativa, várias são as pistas para novas leituras, pois “as histórias nunca acabam”. Ao virar de cada página, o leitor é envolvido numa sedução para entrar nos jogos da imaginação, na paródia, porque afinal não se quer que o fim arruíne a história, “porque isso me parece muito injusto”. Uma obra invulgar este “Fim? Isto não acaba assim”. (Ler crítica)
19. “Histórias em Verso para Meninos Perversos” | Roald Dahl
Editora: Oficina do Livro
Há cabeças cortadas, muitos tiros para o ar ou uma donzela pouco confiável – pelo menos para os animais – que, para além de casacões de pele de lobo, viaja com uma malinha de mão feita de pele de porco. Tudo de braço dado com as ilustrações de Quentin Blake, que ilustram de forma quase siamesa o mundo fantástico de Roald Dahl. Os meninos perversos vão dar pulos de alegria com isto. (Ler crítica)
18. “Eu Sou Eu Sei” | Ana Pessoa e Madalena Matoso
Editora: Planeta Tangerina
“Eu Sou Eu Sei“ é um livro delicioso. Um poema sobre o crescimento e aprendizagem, escrito por Ana Pessoa e ilustrado por Madalena Matoso. A aventura de crescer para nos tornarmos ser é divertida, repleta de emoções e sabores: “Eu li, Eu ri, Eu snif, Eu nhec”. Nesta aventura diária todas as experiências contam – “Eu ai, Eu ui, Eu bem, Eu mal“ -, o importante é aprender qualquer coisa nova, descobrir mundo e emoções: “Eu mãe, Eu pai”. (Ler crítica)
17. ”Estás tão crescida” | António Jorge Gonçalves
Editora: Pato Lógico
Com um valente toque de surrealismo, “Estás tão crescida” é uma história sobre a amizade, o inesperado e a possibilidade infinita de mudança, seja ela individual ou colectiva. As ilustrações são já de assinatura, tanto no traço como nas cores utilizadas, onde o azul e o vermelho são os companheiros inseparáveis de uma incrível viagem com o assombro da aguarela. (Ler crítica)
16. “O Olharapo” | Benji Davies
Editora: Orfeu Negro
Numa história que parece habitada por um rato trocador que só recebe mas nada dá, não há qualquer moral clássica, a não ser, talvez, a de que os sonhos devem ser seguidos quase à risca, mesmo que isso possa implicar levar algo de emprestado e pela calada. Benji Davies tem aqui mais uma exibição de gala, com ilustrações inspiradas na veia lúgubre de Dickens, onde se descobrem diferentes e deliciosos pormenores a cada leitura – seja nas casas entaipadas, nas chaminés a fumegar ou nos pombos e gatos pretos que aguardam nas sombras. Puro deleite. (Ler crítica)
15. “Aqui Estamos Nós” | Oliver Jeffers
Editora: Orfeu Negro
Jeffers revela um pensamento universalista e respeitador da diferença, reduzindo tudo ao essencial: “…mas não te deixes enganar, comos todos pessoas”. Tal como Baz Luhrmann fez na incrível e muito sentimental “Everybody`s Free (To Wear Sunscreen)”, Oliver Jeffers deixa alguns conselhos ao ainda seu pequeno rebento, tais como tratar bem os animais ou fazer um bom uso do tempo. E, apesar de abrir já a porta para a ausência futura, passa também a ideia de que nunca se estará sozinho neste imenso planeta. Um livro belíssimo, que a nível das ilustrações mostra todo o talento e versatilidade de Jeffers – é quase um best of ilustrado. (Ler crítica)
14. “Darkmouth” | Shane Hegarty
Editora: Editorial Presença
Muito bem-vindos a “Darkmouth”, uma cidade que não aparece em muitos mapas, recebe poucas visitas e tem uma população que tende a ir diminuindo a olhos vistos, muito por culpa dos monstros conhecidos por Lendas. Shane Hegarty, nascido e crescido na Irlanda e jornalista do Irish Times, estreia-se aqui com um livro bem castiço, onde junta humor, acção e uma história que sobressai na já congestionada auto-estrada do universo fantástico. Venha de lá essa continuação. (Ler crítica)
13. “O dia em que me tornei pássaro” | Guridi e Ingrid Chabbert
Editora: The Poets and Dragons
Há livros que guardamos no coração pela simplicidade, pureza e intensidade, outros pela beleza, lirismo e graciosidade. “O Dia Em Que Me Tornei Pássaro”, ilustrado por Guridi e escrito por Ingrid Chabbert, reúne todas estas qualidades: é um livro excepcional. Simples e de frases curtas, a narrativa na primeira pessoa possibilita uma intimidade com o leitor, partilhando com ele o maior dos segredos – o amor. (Ler crítica)
12. “Um Capuchinho Vermelho” | Marjolaine Leray
Editora: Orfeu Negro
No universo dos contos e das fábulas, Capuchinho Vermelho terá sido, muito provavelmente, um dos alvos maiores no que toca a adaptações e recriações. Uma estatística que não terá assustado Marjolaine Leray que, em “Um Capuchinho Vermelho”, construiu uma curta e muito cómica adaptação, feita com muita pinta. (Ler crítica)
11. “Animais Selvagens do Sul” | Dieter Braun
Editora: Orfeu Negro
Dieter Braun, autor de livros ilustrados e ilustrador freelancer, viajou durante vários anos pelo mundo, tudo para melhor conhecer e observar os animais de ambos os hemisférios do globo terrestre. O resultado dessas expedições é um verdadeiro mimo visual, iniciado com “Animais Selvagens do Norte” e, mais recentemente, com “Animais Selvagens do Sul”, que logo a abrir nos deixa uma nota sobre a extinção a que vários animais sucumbiram – e outros que estarão muito perto disso. O trabalho gráfico é uma vez mais exemplar, com ilustrações que, não nos cansamos de repetir, poderiam ser impressas em T-Shirts ou penduradas em quadros decorativos. Está de parabéns Dieter Braun por estes dois magníficos volumes. (Ler crítica)
10. “Gravity Falls: Diário 3” | Alex Hirsh e Rob Renzetti
Editora: Dom Quixote
Para quem acompanha a série, esta edição de “Gravity Falls: Diário 3” está ao nível de um achado arqueológico ou mesmo de uma pegada de dinossauro, já que é por ele que passa muito da trama da série. O Diário presta igualmente o serviço público de contar um pouco a história de Gravity Falls e de todos os mistérios que giram à sua volta, apresentando também as muito bem desenhadas personagens que habitam a série – como o Soos, a Wendy Corduroy, a Mabel Pines ou o Tio Stanley – e pistas e revelações sobre o fundador da cidade. O trabalho gráfico e as Ilustrações de Andy Gonsalves e Stephanie Ramirez são verdadeiro um mimo, com papel a imitar o antigo onde desfilam caligrafias diversas, mapas, esquemas e todo o tipo de maluqueiras que passam pela cabeça destes diaristas desvairados. Um dos livros mais castiços que chegaram às livrarias este ano, absolutamente obrigatório para os fãs de Gravity Falls. (Ler crítica)
9. “Horizonte” | Carolina Celas
Editora: Orfeu Negro
Do ponto de vista da leitura, a imagem destaca-se na narrativa, e o texto, simples e conciso, surge como complemento, numa articulação perfeita, resultando num álbum narrativo que potencia diferentes níveis de leitura para crianças, jovens e adultos. Um livro delicioso para ler individualmente ou a pares. “E eu procuro-te para te apanhar” – será que conseguimos? Estamos perante uma metáfora da procura, da quimera, quiçá da utopia. (Ler crítica)
8. “Coisas que Acontecem” | Inês Barata Raposo e Susa Monteiro
Editora: bruáa
Coisas que acontecem é uma “história que começa. Não é um fim qualquer, é o fim de uma coisa má. O que só pode ser bom” – despertando a curiosidade para uma narrativa bem estruturada, arrojada, oscilando entre elipses e analepses, conflitos, dúvidas, angústias, tristezas e alegrias próprias de uma adolescente. Saltando de tema em tema, num ritmo enérgico, vamos acompanhando os temperamentos da narradora adolescente. Não se deixem iludir pois “isto não é um diário”. O que será? Uma conversa, entre leitor e uma adolescente, que talvez saiba mais da vida do que nós pensamos. Será que este livro é apenas uma conversa ou será muito mais? (Crítica em Breve)
7. “Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los” (edição Ilustrada) | J.K. Rowling e Olivia Lomenech Gill
Editora: Editorial Presença
Quando publicou “Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los” entre dois livros da saga Harry Potter, um livro finíssimo assinado por um tal de Newt Scamander, J.K. Rowling não imaginaria certamente que, anos mais tarde, estas páginas seriam a semente que a levariam a tornar-se a guionista de uma série cinéfila que irá ter, se tudo correr bem, 5 filmes – e que é de certa forma uma prequela de Harry Potter. Nesta magnífica edição ilustrada e em capa dura não faltam criaturas conhecidas como o Lobisomem, a Fada, o Gnomo ou a Esfinge, mas a maior parte dos espécimes apresentados é deveras surpreendente: a Acromântula, uma aranha monstruosa com oito olhos e capaz de falar como um vulgar humano; o Barretinho-Vermelho, uma criatura semelhante aos anões, que vive nos buracos dos antigos campos de batalha ou onde quer que tenha sido derramado sangue humano; ou o Bundimun, habilitado a rastejar debaixo dos soalhos e atrás dos rodapés, infestando as casas onde habita. Um festim de livro que os Potterianos deverão ter sempre à cabeceira para induzir a sonhos fantásticos. (Crítica em breve)
6. “O Livro dos Erros” | Corinna Luyken
Editora: Fábula
Foi distinguido na categoria Opera Prima BolognaRagazzi Award 2018 – e com todo o mérito, apetece dizer. “O Livro dos Erros”, escrito e ilustrado por Corinna Luyken, é quase um workshop de desenho servido como uma auto-avaliação, e que mostra que muitas vezes são os erros que levam à descoberta das melhores ideias. A timidez inicial da personagem dá lugar a um tour de forceincrível, entre um olhar planante sobre a Terra e um fantástico exercício de auto-análise. Ou, se preferirem, uma espécie de biografia ilustrada com erros que tudo têm para dar certo. Um livro belíssimo, que nos oferece um raio-x ilustrado de um cérebro em efervescência. (Ler crítica)
5. “Contos de Encantar” | E. E. Cummings
Editora: Ponto de Fuga
Encanto. Ternura. Magia. Amor. Amizade. Sensibilidade. Solidão. Filosofia. Palavras que ecoam no nosso interior ao ler “Contos de Encantar” (Ponto de Fuga, 2018), de E. E. Cummings, numa admirável tradução de Hélia Correia e uma notáveis ilustrações de Rachel Caiano. São quatro histórias de puro e intenso lirismo, escritas na década de 1920, que o autor dedica à sua filha. (Ler crítica)
4. “Não Te Afastes” | David Machado
Editora: Caminho
Uma história sobre a superação da perda, a autodescoberta e a passagem à adolescência, através de uma amizade muito improvável. Qualquer coisa como “A Estrada” de MacCarthy contada aos mais novos, num mundo em ruínas e tomado por inundações. (Crítica em breve)
3. “Impossível” | Catarina Sobral
Editora: Orfeu Negro
Impossível não ler este livro! Impossível não (re)inventar diálogos e novas perguntas. Impossível não ter liberdade para descobrir pormenores nos desenhos. Impossível não estar atenta à linha cronológica. Impossível não ler o glossário.Impossível o leitor não participar nesta aventura cósmica. (Crítica em breve)
2. “Miséria” | Suzanne Heller
Editora: bruáa
Lembram-se quando nos anos 80 fomos invadidos por autocolantes, T-Shirts e outros adereços em redor do que o “Amor é…”? Pois bem, Suzanne Heller fez o mesmo em relação à “Miséria”, só que aqui o lado meloso é substituído por um humor infantil algures entre o negro e o encantador, mostrando como as crianças, sem que disso os adultos se apercebam por estarem metidos no seu mundo chato, se sentem muitas vezes miseráveis. Querem um exemplo? “Miséria é quando corres para casa para ir à casa de banho e te sentas à pressa…e o teu irmão esteve lá antes de ti”. Ilustrações a preto e branco, os ditos miseráveis escritos num fundo laranja, tudo numa edição cozida à mão a que só podemos dar cinco estrelas. Mesmo muito bom. (Crítica em breve)
1. “Atlas das Viagens e dos Exploradores” | Isabel Minhós Martins e Bernardo P. Carvalho
Editora: Planeta Tangerina
Para cada um dos exploradores há uma pequena sinopse da viagem devidamente enquadrada no tempo, uma breve apresentação ao estilo de CV, algumas curiosidades, um mapa com os diversos pontos de passagem da viagem, os motivos da viagem e o que aprendemos com ela e excertos dos escritos que deixaram sobre as suas viagens. Tudo adaptado para os leitores mais jovens, recorrendo à simplificação dos percursos dos mapas, à adaptação das citações e recorrendo a ilustrações a negro, com um toque naturalista e o espírito old school, intercaladas com outras onde a cor explode ao primeiro olhar. Os mapas, esses, são uma delícia. Mais um livro essencial para a pequenada que, nesta era onde tudo se conhece antes da partida, recupera o sentimento primário e a ânsia da viagem. (Ler crítica)
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