Curtas da Estante é uma rubrica de divulgação do Deus Me Livro.
Sinopse
Edição de capa dura constituída pelos quatro volumes de “O Reino”, de Gonçalo M. Tavares.
“Um Homem Klaus Klump”
Há exercícios para treinar a verdade como, por exemplo, ter medo. Ou então ter fome, Depois restam exercícios para treinar a mentira: todos os grupos são isto, e todos os negócios.
Estar apaixonado é outra forma de exercitar a verdade. Klaus comandava pela primeira vez os negócios da família. Não tinha medo, nem fome, nem estava apaixonado. Cada dia era, pois, um exercício novo da mentira. Já tinha feito a vida real (tinha-a feito como se faz uma construção, algo material), agora começara o jogo: ganhar mais dinheiro ou menos. Nada de essencial; mas a mentira interessante é aquela que quase parece verdade.
Klaus sentia necessidade de transformar aquele jogo em algo fundamental. E faria isso até ao fim. Como fizera antes na guerra e na prisão. Quase que não via, aliás, diferenças nas três situações: era preciso ganhar ou não perder, e ele estava só. Eis tudo.
“A máquina de Joseph Walser”
Não tinha sequer uma pistola, mas eliminara a grande fraqueza da existência, fizera desaparecer a primária fragilidade da espécie: não possuía qualquer inclinação para o amor ou para a amizade! E nesse momento, a caminhar em plena rua, desarmado, observando de cima os seus sapatos castanhos, velhos, sapatos irresponsáveis como troçava Klober, nesse momento Walser sentia-se seguro – e ao mesmo tempo ameaçador – como se avançasse dentro de um tanque pela rua.
Porém, subitamente, deu um salto para o lado. Quase pisara uma massa alta. Era um homem.
E estava morto.
“Jerusalém”
Um dia a mãe de Mylia, de 18 anos, leva-a ao médico, Theodor Busbeck, alegando que a filha vê almas. O médico apaixona-se por Mylia, talvez como objecto de estudo, contudo, passado algum tempo, e dada a impossibilidade de vida em comum, Mylia é internada no hospício Georg Rosenberg.
Busbeck dedica-se a estudar o sofrimento, convencido de que se chegar a descobrir o padrão do horror através dos tempos resolverá os problemas da sociedade global.
Mylia , no Hospício, apaixona-se por Ernst, esquizofrénico, de quem nem um filho.
Uma mulher, um assassino, um médico, um menino, uma prostituta e um louco.
E uma noite.
“Aprender a rezar na Era da Técnica”
Aprender a Rezar na Era da Técnica conta a história de um cirurgião, Lenz Buchmann, que abandona a medicina para se dedicar à política. Tem a ilusão de poder salvar muitas pessoas ao mesmo tempo, em vez de salvar uma pessoa, de cada vez, no seu acto médico. A sua subida impiedosa no Partido do poder só é interrompida por um acontecimento surpreendente e definitivo. A mão forte que segurava no bisturi e nos comandos da cidade começa, afinal, a tremer.
Sobre o autor
Gonçalo M. Tavares nasceu em 1970. Desde 2001 publicou livros em diferentes géneros literários e está a ser traduzido em mais de 50 países.
Os seus livros receberam vários prémios em Portugal e no estrangeiro.
Com Aprender a rezar na Era da Técnica recebeu o Prix du Meuilleur Livre Étranger 2010 (França), prémio atribuído antes a Robert Musil, Orhan Pamuk, John Updike, Philip Roth, Gabriel García Márquez, Salman Rushdie, Elias Canetti, entre outros.
Alguns outros prémios internacionais: Prémio Portugal Telecom 2007 e 2011 (Brasil), Prémio Internazionale Trieste 2008 (Itália), Prémio Belgrado 2009 (Sérvia), Grand Prix Littéraire du Web – Culture 2010 (França), Prix Littéraire Européen 2011 (França). Foi também por diferentes vezes finalista do Prix Médicis e Prix Femina. Uma Viagem à Índia recebeu, entre outros, o Grande Prémio de Romance e Novela APE 2011. Os seus livros deram origem, em diferentes países, a peças de teatro, dança, peças radiofónicas, curtas-metragens e objetos de artes plásticas, dança, vídeos de arte, ópera, performances, projetos de arquitetura, teses académicas, etc.
Editora: Caminho
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