Desde o início da década de 2000 que o canadiano Patrick Watson se tem afirmado como um dotado compositor e escritor de canções, peças delicadas construídas em torno da sua voz cálida e etérea. São canções subtis, texturas e paisagens flutuantes que bebem de diversas influências, da música clássica à electrónica.
A sua sonoridade emocional e introspectiva sempre agradou aos portugueses – Watson já visitou o nosso País várias vezes ao longo dos últimos anos. Não admira portanto que no domingo passado, dia 2 de Dezembro, a LX Factory estivesse cheia para receber Watson e a sua banda.
A cantora La Force deu o tom para a noite – muito comunicativa e descontraída, La Force, que é como quem diz Ariel Engle, tem uma voz forte que encheu o palco, deixando uma impressão positiva. Ficou na memória “Lucky One”, sensual balada que serviu de primeiro avanço para o disco a solo deste ano.
Eram 22 horas quando Patrick Watson deu início ao espectáculo com “Love Songs for Robots”, balada minimal que aqui surgiu com o foco nas harmonias vocais. De imediato a atmosfera mudou, levando a audiência a flutuar alguns centímetros acima do chão, transportados pela presença fantasmática da música.
Ao longo da noite houve momentos memoráveis: em “Melody Noir”, numa versão muito despida, Watson juntou-se a três membros da banda no centro do palco, bem juntos, como saltimbancos a tocar numa rua apertada, o que viria a acontecer por várias vezes.
“Hearts” trouxe um cheirinho a Arcade Fire nos ritmos e no balanço das vozes, e de seguida o palco encheu-se de uma sensual luz vermelha para a enigmática e arejada “Bollywood”, uma das melhores canções de “Love Songs for Robots”, álbum de 2015.
O cantor estava visivelmente bem-disposto, em sintonia com o público, e aproveitou para desfilar algumas canções novas, que fazem parte de “Melody Noir”, disco a lançar brevemente. Destaque também para o guitarrista Joe Grass, peça fundamental do som da banda, que esteve em grande forma – a sua prestação em “In Your Own Backyard” foi sensacional.
A noite guardava ainda algumas surpresas. No primeiro encore, Watson chamou ao palco uma convidada muito especial: a fadista Ana Moura, que de imediato impôs respeito com a sua voz fabulosa, numa canção de recorte latino, cantada em dueto com o canadiano.
A outra surpresa não foi planeada: a meio de “Lighthouse” o som do palco falhou, e a escuridão tomou conta da sala. Na relativa confusão que se seguiu, o músico aproveitou da melhor forma o momento. Foi para o meio da audiência, cantando de megafone em punho, com Joe Grass a acompanhá-lo na guitarra, uma multidão de telemóveis em volta a registar o momento.
Haveria ainda tempo para uma improvisação em directo, novamente com a portuguesa Ana Moura, momento arriscado que resultou muito bem.
O final deu-se com “Big Bird in a Small Cage”, o refrão cantado em uníssono por todo o público presente, que perdoou rapidamente as peripécias sonoras da noite – aos amigos perdoa-se tudo, e Patrick Watson já é da casa.
Fotos: Luís Miguel Andrade
Galeria Fotográfica
Promotora: Lemon Live Entertainment
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