Se no cinema o género mais difícil de captar parece ser o da comédia, já na literatura o prato da balança tende a inclinar-se para o amor, isto se quisermos evitar cair no universo sparksiano ou, em alternativa, na depressão de um amor absolutamente trágico e irreparável.
“Eleanor & Park” (Saída de Emergência, 2015), da autoria da norte-americana Rainbow Rowell, está a meio termo entre uma paixão adolescente e um concerto de punk rock, contando uma bela história de amor entre dois seres que, apesar das muitas diferenças que aparentam entre si, partilham uma mesma inadaptação perante o mundo.
Eleanor é a miúda nova da escola, vinda de uma outra cidade para apanhar o comboio escolar em pleno andamento. A sua vida familiar é um caos absoluto, vivendo numa quase miséria com os irmãos, a mãe e Rich, o namorado da mãe, que bebe de sol a sol e impõe um regime de medo e opressão a todos. A juntar a tudo isto, o facto de ser uma miúda desajeitada que veste saias de xadrez, camisas de homem, meia dúzia de colares esquisitos ao pescoço e lenços enrolados nos pulsos, não ajuda propriamente a sair fora do radar.
Park é um rapaz de boas famílias, meio coreano que, não sendo propriamente popular entre os seus pares, consegue passar despercebido graças a andar sempre vestido de preto, perdido no seu universo muito particular de música – ouvida com phones – e livros.
A partir do momento em que Park oferece o lugar a seu lado do autocarro – o 666 – para Eleanor se sentar, nasce uma relação que, começando com silêncio e alheamento, se transformará depois numa genuína e transformadora relação de amizade verdadeira.
Pelo meio há muita banda desenhada, conversas sobre super-heróis e uma banda sonora que vai dos Smiths aos Joy Division, naquela que é uma belíssima história de amor que mistura, em medidas iguais, risos e lágrimas.
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