“Horizonte” (Orfeu Negro, 2018), de Carolina Celas, transporta-nos a um lugar em que o céu e a terra parece que se unem: “às vezes, pareces distante. Outras, mais perto”. O fio do horizonte induz-nos ao mistério, ao desconhecido, sempre “discreto”, “silencioso” e omnipresente, onde o intangível surge revelado de forma poética “Estás aqui todos os dias, (…) ali, acolá”.
Desde a capa – incluindo as guardas – e atravessando todas as páginas, a linha do horizonte é ilustrada a caneta aguarelada, lápis de cor e de cera, sempre em perspectivas diferentes: de perto, de longe, de cima, de baixo, de fora para dentro.
A ilustradora-autora desenha de forma sofisticada e simultaneamente simples, com detalhe, onde a escala reduzida das figuras humanas surge de forma harmonizada com o espaço amplo das paisagens. O ritmo, o movimento, é marcado, ao virar cada página, por um pequeno ser verde de dimensões reduzidíssimas.
Do ponto de vista da leitura, a imagem destaca-se na narrativa, e o texto, simples e conciso, surge como complemento, numa articulação perfeita, resultando num álbum narrativo que potencia diferentes níveis de leitura para crianças, jovens e adultos. Um livro delicioso para ler individualmente ou a pares. “E eu procuro-te para te apanhar” – será que conseguimos? Estamos perante uma metáfora da procura, da quimera, quiçá da utopia.
Carolina Celas nasceu em Sernanacelhe, estudou Design em Aveiro e ilustração em Barcelona e comunicação visual em Londres. Em 2016 integrou a exposição internacional de ilustração da Feira do Livro de Bolonha e, em 2018, recebeu uma menção especial na Ilustrarte – Bienal Internacional de Ilustração para a Infância.
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