A Nuvem de Letras apresenta-nos um bebé que faz birras, apesar de saber que é “uma coisa feia”. Porém, quando se “fica dentro de um ar zangado, como se estivesse preso (prisioneiro e fechado) num balão encarnado”, é difícil acalmar. Mas afinal, qual a razão de tão grande birra?
“O Bebé que…fez uma Birra” (Nuvem de Letras, 2018) narra-nos a história dos pais que tentaram tudo para acalmar a birra do seu bebé. “Primeiro foi a mãe, pé ante pé: depois foi o pai, pé ante pé”. Mas este não parava. Os pais tentaram de novo: “sorrisos”, “palavras doces”, palhaçadas, mas tudo em vão. Até que um dia a mãe descobriu o segredo e “o bebé adormeceu”.
“O Bebé que…não gostava de televisão” (Nuvem de Letras, 2018) é uma surpresa, revelando um bebé que “corria a apagar a televisão”. Um bebé que não gosta de televisão? Sim, é verdade. Os vizinhos da rua, o médico, o padre ou a senhora com poderes mágicos foram auscultados, mas sem resultados. Até que um dia, na televisão, “no ecrã, liso como um espelho, estava a família toda. O pai, a mãe, o bebé”.
A birra intriga-nos. A perplexidade e inquietude dos pais preocupa-nos. Um dia, o bebé que sabe o que quer e o que não quer acalma-se. A birra é vencida pelo carinho, pela diversão e a partilha em família, antecipando o “viveram felizes para sempre!“.
A concepção gráfica de ambos os títulos pretende ampliar a expressividade do conteúdo, quer a nível do desenho como do tamanho das letras, marcada por uma paleta de cores quentes que acentua dinâmica da narrativa, induzindo-nos a virar cada página num crescendo de curiosidade. Nas guardas encontramos um padrão: o rosto do bebé, que se repete, deixando-nos a adivinhar os seus estados emotivos.
Rui Zink é escritor e professor de Estudos Portugueses na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e autor duma obra diversificada e multifacetada. Manuel João Ramos é professor de Antropologia no ISCTE e, paralelamente, trabalha como ilustrador. A colaboração com Rui Zink é frequente.
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