É, em primeiro lugar, um clássico da literatura infantil: levou para casa a Medalha Caldecott em 1963, foi seleccionado em 1996 pela New York Library como um dos Livros do Século e, em 2012 e pela Library of Congress, eleito como um dos Livros que Moldaram a América.
Fala-se aqui de “Um Dia de Neve” (Orfeu Negro, 2018), escrito e ilustrado por Ezra Jack Keats em 1962 – e inédito até hoje em Portugal -, livro onde, pela primeira vez no universo da literatura infantil, o protagonista é um afro-americano, o que faz dele uma referência de diversidade racial na literatura.
Inspirado nas fotografias de um rapaz afro-americano que recortava da revista Life, Ezra usou aqui a técnica de colagem e diferentes papéis com origem em vários países, e materiais como uma borracha a servir de carimbo, uma escova de dentes molhada em tinta-da-china para salpicar as páginas ou pedaços de tecido estampados, naquela que foi também uma revolução para o próprio autor no modo como fazia livros.
A história passa-se numa manhã de Inverno, em que “a neve cobria a paisagem até se perder de vista“. Pedro, o pequeno protagonista, faz bonecos de neve, deixa pistas na neve, desenha anjos e pássaros deitado na superfície branca, escorrega pelas encostas e até leva no bolso um bocado de neve para o dia seguinte. E, apesar desta não sobreviver às horas de sono, há sempre a possibilidade de no dia seguinte repetir a brincadeira, lavando desta vez um amigo que vive na mesma rua.
Recomendado para maiores de 4 anos, “Um Dia de Neve” lê-se, à luz da literatura infantil, sobretudo como um marco histórico, uma história de descoberta e de amizade.
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