São mais de duas centenas os filmes que, entre 26 de Abril e 6 de Maio, farão o alinhamento de mais um IndieLisboa – Festival Internacional de Cinema. Dos heróis Independentes, Jacques Rozier e Lucrecia Martel, às competições principais, aos olhares singulares compilados na secção Silvestre, passando pelo cinema sobre o cinema do Director’s Cut, as propostas extremas da Boca do Inferno ou o cinema infanto-juvenil do IndieJúnior, a escolha nesta 15ª edição do IndieLisboa volta a ser diversa, plural e actual.
Serão 21 as obras que, na curta e longa-metragem, concorrerão aos principais prémios da Competição Nacional. Rodado numa pequena aldeia de Boticas, “Bostofrio, Où Le Ciel Rejoint La Terre”, de Paulo Carneiro, é uma viagem documental onde o próprio realizador procura saber quem era, e como era, o seu avô. A terceira longa-metragem de Susana Nobre, “Tempo Comum”, mescla cinema e realidade, retrata intimamente um momento marcante na vida de um casal, o nascimento da sua primeira filha. Em “Our Madness”, João Viana prossegue o trabalho da sua primeira longa-metragem, “A Batalha de Tabatô” (IndieLisboa 2013). Aqui o realizador acompanha Ernania na sua deriva espectral por Moçambique, à procura do seu marido e filho. Sandro Aguilar volta também ao IndieLisboa com “Mariphasa”, uma história que volta a ser prova da excelência do seu cinema intrigante com laivos de ficção-científica. André Gil Mata estreia-se na longa-metragem de ficção com ”A Árvore”, depois das curtas “Arca d’Água”, “Casa”, “O Coveiro” e “Num Globo de Neve” terem passado pelo festival. Rodado integralmente na Bósnia, durante os rigorosos meses de Janeiro e Fevereiro, este é um filme onde o frio penetra em extraordinários planos sequência, filmados em película de 16mm.
Aposta forte também nas curtas-metragens de produção portuguesa que, este ano, voltam a destacar os nomes que poderão marcar a produção cinematográfica internacional e nacional dos próximos anos. Das visões mais experimentais de “Num País Estrangeiro”, de Miguel Seabra Lopes e Karen Akerman a partir do universo literário da obra de Herberto Helder, à voz única de “The Great Attractor”, de Rita Figueiredo, das experiências ficcionais “Histórias de Fantasmas”, de Carlos Pereira, ou “Fortuna”, de Miguel Tavares, aos relatos documentais de “Os Mortos”, de Gonçalo Robalo, e “Mapa-Esquisito”, de Jorge Vaz Gomes, um mais sério, o outro mais divertido. A ficção representada por “Self Destructive Boys”, de André Santos e Marco Leão (que depois de “Pedro” continuam a mostrar o seu potencial em progressão), “Anjo”, de Miguel Nunes (obra de estreia do actor na realização, a partir de uma história sua), “Amor, Avenidas Novas”, de Duarte Coimbra (um filme de escola – ESTC que é uma ode ao cinema independente), “Russa”, de João Salaviza e Ricardo Alves Jr. (do Bairro do Aleixo para Berlim e agora para Lisboa, uma personagem com uma força surpreendente), “Sleepwalk”, de Filipe Melo (feito a partir de uma banda desenhada sua e de Juan Cava), “A Barriga de Mariana”, de Frederico Mesquita (ou o eterno conflito – ter ou não ter), ou “Instruções Para Uma Revolução”, Tiago Rosa-Rosso (em Abril, é tempo de revolução). Na animação, duas surpresas em tom experimental: o trabalho de Maria Ferreira em “Via” e Manuel Brito em “War Of The Worlds”.
Pela primeira vez na história, o IndieLisboa vai abrir e encerrar o festival com obras portuguesas: “A Árvore”, de André Gil Mata, marca a abertura, cabendo a “A Raiva”, de Sérgio Tréfaut, o encerramento. Entre uma e outra, haverá quase cinco dezenas de novos filmes portugueses para ver espalhados pelas várias secções do festival. Em destaque o olhar sobre o trabalho de Rino Lupo, no documentário homónimo de Pedro Lino, e a família do cineasta Tonino De Bernardi, em “O Termómetro de Galileu”, de Teresa Villaverde. Nas sessões especiais, “Quantas Vezes Tem Sonhado Comigo?”, de Júlia Buisel, “O Passageiro”, de Luís Alves de Matos, a par de “O Homem Pikante”, de Edgar Pêra, ou “A Pedra Não Espera”, de Graça Castanheira.
Toda a programação poderá ser consultada em www.indielisboa.com.
Sem Comentários