Como não gostar de uma série onde, como frase de abertura, se lê qualquer coisa como isto? “As famílias são uma porra dum incêndio que alastra”. Estamos no sétimo volume de Saga (G. Floy, 2017), uma das melhores séries do vasto universo da BD, criada por Brian K. Vaughan e Fiona Staples.
Por esta altura, Alana e Marko esperam uma criança, expectantes sobre se os rumores acerca de defeitos congénitos entre híbridos são ou não mitos urbanos. Um problema de falta de combustível leva-os a uma aterragem forçada em Phang, “uma terra exótica de diversidade infinita, lar de milhares de tribos, seitas, espécies diferentes, que se desprezavam quase todas umas às outras”. Um lugar onde um presidente devidamente eleito ou um ditador brutal são uma e a mesma coisa, tudo depende do ângulo escolhido.
Será neste cometa chamado Phang, lugar onde se exporta refugiados e se sente na pele a guerra entre a Coroa e Terravista, que Alana, Marko, Hazel, Robot – a viver uma crise existencial e perdido em sonhos molhados -, a desconfiada Petrichor e Izabel, a babysitter fantasma com uma costela de Deadpool, irão conhecer o esfomeado Kurti e a sua ainda mais esfomeada família, uma estranha raça de seres falantes que mais se parecem com preguiças.
Aquilo que seria um abastecimento de rotina acaba por se tornar numa missão prolongada e de cariz humanitário, onde a ideia de tragédia estará sempre presente, sobretudo quando a crença impede a acção até quando o fim está próximo e à vista. Um dos volumes mais negros da série que nos leva a pensar naqueles “momentos que nunca chegaram bem ao seu término”. Por aqui já sonhamos com o oitavo volume.
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