As Crónicas de Clifton, uma saga literária com o perfume das novelas à séria e à antiga, entra na recta final com a publicação do sexto e penúltimo volume, intitulado “Chegada a Hora” (Bertrand, 2017).
Estamos num tribunal inglês, no ano de 1971, onde decorre o caso que opõe Lady Virginia Fenwick, uma vilã tremenda saída da imaginação de Jeffrey Archer, a Emma Clifton, uma senhora com muita classe e honra e também directora da Barrington Shipping. O caso seria à partida simples de julgar mas, dado que Emma se recusa a partilhar a carta de suicídio do Major Fisher com medo de repercussões políticas sobre o filho, a balança da justiça poderá pender para o lado errado.
Mantendo a divisão cronológica e por personagens, “Chegada a Hora” divide-se numa multiplicidade de narrativas onde decorrem jogos de poder, ideias de traição e os valores mais elevados, e onde Thatcher aparece em grande destaque (ou não fosse Archer um conservador militante).
Giles está dividido entre abandonar a política ou assumir mais um escândalo, tentando fazer regressar da Rússia a sua amada Karin, que muitos dizem não passar de uma espia; Lady Virginia, de bolsos vazios e com as dívidas em alta, prepara o seu próximo golpe; Sebastian Clifton, agora CEO do Farthings Bank, vê a sua vida entrar em rebuliço quando conhece Priya, uma esbelta indiana com casamento combinado pelos pais; quanto a Harry Clifton, continua decidido a tirar Anatoly Babakov de um gulag na Sibéria, depois de ter contado a história deste num livro onde mostrou ter mais cartas literárias para além das do baralho policial. Telenovela da boa com um acentuado e trágico toque venezuelano.
Sem Comentários