O mundo dos livros raros e das falsificações serve de pano de fundo a Bradford Morrow, professor de Literatura, autor de romances, ensaios, poesia e livros para crianças e fundador da revista literária Conjunctions, para desenhar a trama de “Os Falsários” (Clube do Autor, 2017), o primeiro dos seus livros a conhecer edição portuguesa.
A morte de Adam, poucos dias depois de ter sido atacado e de ter sido encontrado com as mãos decepadas, vem abalar toda uma comunidade bibliófila, dedicada ao comércio e ao prazer dos livros raros. Com a polícia à nora e a irmã em busca de um indício, caberá ao narrador, cunhado de Adam, tentar descortinar a trama que está por detrás deste ataque simbólico: um homem sem mãos não se poderá dedicar a imitar a caligrafia de autores como William Faulkner, James Joyce ou Conan Doyle.
Will – o narrador – foi um falsário apanhado em falta, que só à custa de muito jogo de bastidores e cobrança de favores evitou uma ida para a prisão, entrando de mansinho no sempre complicado caminho da reabilitação.
Porém, ao mesmo tempo que se vai aproximando do desvendar da trama, vai recebendo ameaças de alguém que assina cartas ameaçadoras como Henry James, e que está convencido de que Will teve um papel decisivo na morte de Adam Diehl.
Sempre com a sombra de Arthur Conan Doyle à espreita – Will era um especialista na imitação da caligrafia deste -, “Os Falsários” vale sobretudo pela atmosfera conferida ao mundo do coleccionismo e ao comércio de livros raros, e por uma trama alimentada em lume brando que apenas se mostra de corpo inteiro nas últimas páginas.
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