Estamos perante a expressão clássica fechar em grande. Depois de cinco volumes que versaram sobre a arte barroca, a arte do renascimento, a arte da idade média, as artes antigas e a arte oitocentista, a colecção Decifrar a Arte em Portugal encerra com o sexto volume dedicado à “Arte contemporânea” (Círculo de Leitores, 2014), da autoria do Professor Paulo Pereira.
Dedicado ao século XX, marcado pelo “tempo curto” e pela aceleração da história, este sexto volume terá sido aquele onde a escolha das 100 obras mais marcantes se revelou mais complicada, dada a «proliferação de linguagens artísticas, de teorias estéticas, de obras e de artistas.»
Partindo de livros como “Arte portuguesa no século XX” – de José-Augusto França – e a reflexão em dois volumes de Rui Mário Gonçalves – “Pioneiros da modernidade” e “De 1945 aos nossos dias” -, Paulo Pereira afirma no prefácio que «o roteiro, desta vez, deixa-nos a meio do caminho sem bússola.»
De qualquer forma, mesmo com as dificuldades de distanciamento temporal, existem escolhas óbvias que não poderiam passar ao lado: a ruptura modernista e o movimento gerado em nome da revista Orpheu e de intelectuais como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardozo ou Santa-Rita Pintor, que surgem em grande destaque.
No livro onde a exaustividade é posta de lado e a decifração surge refreada, Paulo Pereira apresenta os movimentos artísticos do século XX, mostra a tensão entre o tradicionalismo e a tentativa de construção de um mundo novo e apresenta os novos suportes de transmissão e circulação de ideias artísticas, como o foram – e continuam a ser – a fotografia, o cinema e o vídeo. Esteticamente falando, estamos perante o livro mais importante – e conseguido – da colecção.
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