Nesta recta rumo ao epicentro natalício, é comum as prateleiras, montras e expositores de livrarias verem-se invadidos por livros com cores e capas fofinhas, convidando à leitura na companhia de luzes pisca-pisca e o som dos sinos de renas invisíveis.
“Quando a neve cai” (Topseller, 2014), livro escrito a treias por John Green, Mauree Johnson e Lauren Myracle, tem uma dessas capas que, mesmo na ausência de coraçõezinhos, apresenta umas bonitas luzes de natal, um pinheiro semi-coberto de branco, uma montanha que poderia ter servido de casa a Heidi e muitos, muitos flocos de neve. Porém, ao contrário dos habituais livros com capas fofinhas, o conteúdo de “Quando cai a neve” é sentimental sem acusar pieguice, transportando-nos ao mundo imberbe e fascinante da adolescência.
O livro é composto por três contos – um de cada autor -, todos passados numa cidade que se encontra isolada por uma das maiores tempestades de neve dos últimos cinquenta anos.
Apesar das diferenças de estilo e das mudanças de estado de espírito, o enredo é capaz de resistir a qualquer bola de neve que decida crescer para lá do tamanho recomendável, mantendo vivo, da primeira à última página, um refinado sentido de humor e um estado de ternura que nunca chega a ser piegas.
Nesta história de amor e amizade, há maratonas de filmes de James Bond, uma vila natal feita de peças de cerâmica – que leva muita gente à cadeia -, um tipo que se veste de papel de alumínio – e parece não se dar conta disso -, muitas e esbeltas chefes de claque e uma rapariga que nutre uma estranha adoração por porcos. Mas há, essencialmente – e felizmente -, um livro cheio de humor e romantismo, habitado pela cultura contemporânea, que nos oferece pela literatura o espírito festivo e (obrigatoriamente) meloso do Natal.
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