Imagine uma amálgama entre “300”, de Frank Miller e Lynn Varley, e “Gladiador”, de Ridley Scott. Agora junte doses generosas de elementos sobrenaturais. Misture bem e sirva. O prato, neste caso literário, é “O Templário Negro” (Clube do Autor, 2017), obra de estreia do italiano Roberto Genovesi nos escaparates nacionais, conhecido também pelo seu trabalho enquanto jornalista, guionista e autor de programas televisivos.
A trama leva-nos até ao século XII, mais precisamente a 4 de julho de 1187, data em que em plena Guerra Santa se dá um dos confrontos mais sangrentos entre cristãos e muçulmanos. O acontecimento, que ficou conhecido na História como a Batalha de Hattin, resultou numa copiosa vitória de Saladino, primeiro sultão do Egipto e Síria, que assim se apoderou da glória mas também da Vera Cruz, uma das maiores relíquias dos homens de Cristo.
Conta-se que um pedaço da Vera Cruz, uma lasca de madeira, terá sido entregue a um jovem muçulmano, de tez escura, seguidor de Alá, mas que usa uma cruz de prato ao pescoço, conhecido por Isaac, o Negro, dono de um perfil típico de um anti-herói.
Alguns anos volvidos após a Batalha de Hattin, Isaac conhece Frederico II, imperador Romano-Germânico, que lhe pede que resgate da fortaleza de Iblis todas as suas relíquias. O objectivo é guardá-las todas no Templo de Salomão, para que gente de todas as religiões e credos possa por ali passar numa verdadeira peregrinação de paz.
É sob este pressuposto e demanda que Roberto Genovesi constrói uma narrativa convincente, muito bem alicerçada em edifícios e locais cujo contexto fez nascer um excelente romance histórico, repleto de aventura, acção e como assinalável coerência. Ao longo das quase 400 páginas o leitor é guiado por uma épica sequência de acontecimentos, uma miríade de personagens, voltas, reviravoltas, descrições pormenorizadas e fé, cuja competente dinâmica e envolvência o deixa colado ao livro.
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