Ainda que seja discutível e arriscado traçar uma fronteira ou decidir entre o planeta infantil ou o juvenil, decidimos escolher os melhores livros de 2016 apontados aos mais novos dividindo-os ao meio. Seja como for o importante é mesmo isto: podem ser lidos por miúdos e graúdos.
Literatura Infantil
1. “A Baleia” | Benji Davies
Editora: Orfeu Negro
“Seja numa praia solarenga, à mesa de refeição, no interior de um quarto-de-banho com vista para a praia ou no meio de uma tempestade em mar alto, as ilustrações de Benji Davies têm o poder de puxar o leitor para dentro do livro, fazendo-o viver intensamente esta epifania familiar junto à costa. Um hino à ilustração e à arte de contar histórias.” (Ler crítica)
2. “Era uma vez o alfabeto” | Oliver Jeffers
Editora: Orfeu Negro
“26 letras, cada uma delas escondendo uma história de mistério, suspense e humor. Oliver Jeffers, o mais fantástico ilustrador do planeta, oferece-nos um dicionário alternativo e deslumbrante.”
3. “Ahab e a Baleia Branca” | Manuel Marsol
Editora: Orfeu Negro
“Tomando como inspiração “Moby Dick”, um dos maiores clássicos da literatura – e aquele que oferece uma maior número de camadas interpretativas -, Marsol leva o leitor a viajar com Ahab, o capitão do Pequod que,depois de um avistamento perto de Nantucket, tomou como destino perseguir e caçar a maior e mais branca baleia de todos os mares: Moby Dick.”
4. “O Urso Que Não Era” | Frank Tashlin
Editora: bruáa
“Através do absurdo e com muito humor, Frank Tashlin aponta baterias à condição humana, bem como às muitas ameaças a que a identidade individual é sujeita em nome de uma massa comum que não admite desvios à norma.” (Ler crítica)
5. “Mana” | Joana Estrela
Editora: Planeta Tangerina
“As ilustrações e todo o trabalho de composição gráfica são incríveis, dando todo o ar de terem sido feitas por gente pequena que não se importou minimamente com trespassar a propriedade alheia. Há uma grande variedade de técnicas, estilos e cores, num livro que conta, em forma de carta e uma criatividade extrema, a sempre complicada relação entre duas irmãs com poucos anos de diferença. A partir de agora, Joana Estrela ficará decididamente no nosso radar.” (Ler crítica)
6. “Três com Tango” | Richardson, Parnell e Cole
Editora: Kalandraka
“Diz-se por aí que são precisos pelo menos dois para dançar o Tango mas, segundo a dupla Justin Richardson e Peter Parnell, o melhor mesmo é serem três. Numa época onde finalmente se começa a aceitar que o amor profundo ou as relações passageiras podem ser vividas entre pessoas do mesmo sexo, “Três com Tango” (Kalandraka, 2016) introduz esta temática aos mais novos, abordando questões como a diversidade, o respeito, a tolerância, ou ter pais/mães do mesmo sexo.” (Ler crítica)
7. “Emílio” | Tomi Ungerer
Editora: Kalandraka
“Nesta história, onde assistimos ao triunfo do bem sobre o mal e se revelam os valores da amizade e da gratidão, Ungerer usa uma paleta de cores limitada, à base de tons verdes e ocres, o que não o impede de dar um verdadeiro show de bola no que toca aos desenhos, cheios de pequenos e deliciosos detalhes e reveladores de uma grande expressividade.” (Ler crítica)
8. “O que aconteceu à minha irmã?” | Simona Ciraolo
Editora: Orfeu Negro
“Simona Ciarolo apresenta uma história comovente sobre o crescimento e a mudança de atitude entre duas irmãs com quase uma geração entre elas onde, para além do humor, há momentos que navegam entre a profunda tristeza e a alegria descontrolada, lembrando que, por muito que as vidas mudem e as necessidades de cada uma se alterem, haverão sempre laços que se manterão bem apertados.” (Ler crítica)
9. “O dia em que os lápis voltaram a casa” | Drew Daywalt e Oliver Jeffers
Editora: Orfeu Negro
“Um festim no que toca à arte da ilustração, com o recurso às mais variadas técnicas. O traço a lápis de cera vai do desenho à criação de letterings que servem de alfabetos, aliando a ilustração à fotografia e, também, à utilização de objectos reais – postais, afia-lápis, páginas de livros ou cadernos – que, entre uma explosão de cores, fazem deste universo imaginário uma plausível realidade. Mais um grande livro que alia uma divertida história à fabulosa imaginação de Jeffers.” (Ler crítica)
10. “A árvore da escola” | Antonio Sandoval e Emilio Urbernaga
Editora: Kalandraka
“A acção decorre num espaço físico limitado – o pátio da escola – mas, nessa aparente falta de espaço, o autor consegue apresentar uma série de pontos de vista e sentimentos, que vão da desconfiança e desinteresse iniciais a um sentimento colectivo de protecção e fruição do lado natural da vida. Para tal, bastou que alguém decidisse dar o primeiro passo, olhando com atenção para algo que estava invisível mesmo à vista de toda a gente.” (Ler crítica)
11. “Achámos um Chapéu” | Jon Klassen
Editora: Orfeu Negro
“Depois de “Quero o meu chapéu”, que teve como figura de proa um urso, e de “Este chapéu não é meu“, onde um peixe se habituou a usar um chapéu que não lhe pertencia, a festa dos chapéus encerra com “Achámos um chapéu” (Orfeu Negro, 2016), onde duas tartarugas tentam convencer-se mutuamente sobre a quem deve caber a honra de colocar na cabeça o chapéu branco, alto e com uma fita preta que encontraram esquecido no deserto.” (Ler crítica)
12. “Contos Completos de Beatrix Potter”
Editora: Pim! Edições
“Ainda que sem recorrer a feitiços, passagens secretas ou vassouras voadoras, a verdade é que houve um outro Potter antes de Harry. Ou, neste caso, uma Potter, de seu nome Beatrix. Quatro volumes que assinalam os 150 anos do nascimento da autora e que apresentam, mantendo a composição gráfica original, a totalidade dos seus contos, muitos deles inéditos em Portugal. ” (Ler crítica)
13. “Tiago, o Coleccionador-Quase-Nuvem” | Vanessa Mendes Martins e Marta Madureira
Editora: Arranha-Céus
“Com texto de Vanessa Mendes Martins e ilustrações de Marta Madureira, “Tiago, o Coleccionador-Quase-Nuvem” aborda, a partir de uma união improvável, a busca pela colecção perfeita que, para ser realmente importante, não deve ser trancada a sete chaves. Para além de mostrar que, decididamente, o disparate é uma coisa boa, que deve ser cultivado com muito cuidado e esmero.” (Ler crítica)
14. “O Pombo Quer um Cãozinho!” + “O pombo precisa de um banho!” | Mo Willems
Editora: Booksmile
“Continua em muito bom ritmo a colecção que tem, como herói improvável, um pombo rebelde, teimoso e muito agitado. Depois da publicação de “Não Deixes o Pombo Ficar Acordado até Tarde!” e “Não Deixes o Pombo Guiar o Autocarro!”, 2016 viu chegar às livrarias mais dois títulos desta fantástica colecção assinada por Mo Willems: “O Pombo Precisa de um banho!” e “O Pombo Quer um Cãozinho!”
Ler críticas – 1 e 2)
15. “A grande viagem do pequeno Mi” | Sandro William Junqueira e Rachel Caiano
Editora: Caminho
“Sandro escreve de forma poética – “Dos seus ramos nasciam todos os pássaros” -, numa escrita visual que casa com a alma cinéfila de Rachel Caiano, que desenha como ninguém os rostos humanos, os olhos, a chuva e a vegetação. E tudo com apenas seis cores – ou cinco mais uma ausência. Uma bonita homenagem a uma das maiores e mais empolgantes faculdades humanas.” (Ler crítica)
16. “Histórias Assim” | Rudyard Kipling
Editora: Círculo de Leitores
“Um magnífico álbum ilustrado que reúne 12 contos que, com um toque de absurdo e uma boa dose de humor, nos mostram a humanidade e as fraquezas das personagens que nele habitam.” (Ler crítica)
17. “Os figos são para quem passa” | João Gomes de Abreu e Bernardo P. Carvalho
Editora: Planeta Tangerina
“Neste hino à natureza – sobretudo à partilha -, escrito por João Gomes de Abreu e ilustrado por Bernardo P. Carvalho, somos levados a penetrar numa selva colorida, cheia de recantos e esconderijos, que se revelam atrás da folhagem que a envolve. Tal como se esconde uma outra máxima, descoberta depois de activado o caldo lacrimal (obrigado Samuel Úria): se há figos que são para quem passa, os melhores de todos estão reservados aos que por eles sabem esperar.” (Ler crítica)
18. “Ké Iz Tuk?” | Carson Ellis
Editora: Orfeu Negro
“Se houvesse por cá um prémio atribuído ao mais doido livro infantil do ano, este estaria destacado na pole position. Toda a história se passa junto a um tronco com ar de pequeno resort, onde há escadotes, se fuma cachimbo e se descansam as pernas em chaise longues.”
19. “Batata Chaca Chaca” | Yara Kono
Editora: Planeta Tangerina
“Mais um livro interactivo e de cantos redondos, que desperta os mais pequenos para a alquimia dos alimentos.Qualquer coisa como o primeiro livro de culinária ilustrado e musicado por Yara Kono.”
20. “Céu de Sardas” | Inês d`Almey e Alicia Baladan
Editora: bruáa
“Um livro-jogo que, percorrendo muitas sardas e atravessando a Via Láctea, inventa história em céus imaginários.”
Literatura Juvenil
1. “Pax” | Sara Penny Packer
Editora: Booksmile
“Com uma escrita que balança entre a inquietude e o encantamento, Sara Pennypacker criou uma belíssima história sobre a descoberta pessoal e do próprio mundo, bem como da necessidade de, muitas vezes, ser necessário deixar para trás coisas de que gostamos para que possamos crescer mais uns centímetros de corpo e alma.” (Ler crítica)
2. “A Dupla Terrível Ainda Pior” | Barnett, John e Cornell
Editora: Planeta
“Não estamos nos Açores mas a verdade é que, pela descrição, poderíamos andar muito lá perto: “Bem-vindos de novo a Vale de Bocejo, às suas colinas verdes e vacas, vacas, vacas. A erva cresce, as colinas erguem-se, as vacas mugem. Quem se rala com isso?” Fala-se aqui do regresso de “A Dupla Terrível Ainda Pior”, constituída por Miles Murphy e Niles Sparks, os membros de um clube secreto de duas pessoas conhecido como Dupla Terrível. Um clube que se dedica, com muita paixão e anonimato total, a uma única e muito nobre tarefa: pregar partidas.” (Ler crítica)
3. “Por Sorte, o Leite” | Neil Gaiman
Editora: Editorial Presença
“Ao longo deste frenético relato parental, as crianças vão tratando de apontar as falhas da história, como o facto de às tantas termos piranhas a nadar em água salgada ou dinossauros a subirem por escadas de corda – além de se sugerir que alguns póneis ficariam bem algures na narrativa. “Por Sorte, o Leite” é o mantra que alimenta a narrativa, servindo de transição entre personagens e situações – e, claro, para o curioso desenlace.” (Ler crítica)
4. “Darth Papel Contra-Ataca” + “O segredo do Wookie da sorte” | Tommy Angleberger
Editora: Booksmile
“Tommy Angleberger conseguiu materializar, com sucesso, o brilhantismo do primeiro livro, pelo que se espera que a Booksmile continue a apostar – e a publicar, pois claro – os livros de uma colecção que vai dando cartas fora de portas. Até porque, como diz o próprio Yoda, “o fim… Isto não é!“.” (Ler críticas 1 e 2)
5. “As Crianças de Cristal” | Kristina Ohlsson
Editora: Bertrand
“É verdade que os mais novos, aqueles que estão já ou se encontram no limite da fronteira da adolescência, têm ao seu dispor um sem-número de edições literárias. Porém, no que toca ao mundo do terror ou do sobrenatural, as propostas não são assim tantas, até pelo facto de o tema poder ser considerado um pouco impróprio para estas idades. É certo que em livros de séries como Os Cinco ou Uma Aventura há muitos apontamentos que fazem os mais pequenos ficar com pele de galinha mas, se quisermos levar a experiência um ou dois degraus mais acima, poderemos recomendar o primeiro livro de Kristina Ohlsson apontado a um público mais jovem: “As Crianças de Cristal”.” (Ler crítica)
6. “História verdadeira e triste de seis homens que procuravam a paz” | David McKee
Editora: Nuvem de Letras
“Com ilustrações de traço fino a preto e branco, David McKee apresenta com impressionante mestria todo o absurdo da condição humana, mais entretida em procurar a fortuna e em apurar a ganância do que em viver em harmonia num planeta que já esteve mais longe de ficar inabitável. Apesar da exclusividade do preto e branco há outras cores que saltam das páginas, mostrando que este ciclo vicioso e absurdo se faz de cores vivas que vão deixando muitas marcas e corpos pelo caminho.” (Ler crítica)
7. “Noite Estrelada” | Jilly Liao
Editora: Kalandraka
“Mora aqui um livro onde ailustração surge em estado puro, com aguarelas suaves mas intensas, e elementos oníricos e surrealistas que nos mostram coisas como animais que se transformam em gigantes assustadores ou a importância daqueles amigos que nos fazem crescer. Uma das grandes edições do ano no que toca aos livros ilustrados.”
8. “A Casa na Árvore com 26 Andares” | Andy Griffiths e Terry Denton
Editora: Booksmile
“Pelo meio há operações de emergência a tubarões, cabeças de piratas, tempestades gigantescas e, claro, a presença da sempre prestável e imaginativa Jill, bem como da gata voadora Sedosa. As ilustrações a preto e branco acompanham fielmente e com alucinado requinte o delírio desta história, que comete a proeza de, na aparência de nada ter mudado em relação ao livro anterior, oferecer ao leitor algumas horas de puro prazer e renovado divertimento. Estes australianos sabem-na toda, venham de lá mais 13 andares.” (Ler crítica)
9. “A Incrível Fuga do Meu Avô” | David Walliams
Editora: Porto Editora
“História de uma amizade inquebrável entre um neto e o seu avô, bem como uma homenagem e recordação dos heróis que passam e moldam a nossa vida, “A Incrível Fuga do Meu Avô” apresenta aos mais pequenos a doença de Alzheimer e a forma como esta altera relações familiares, normalmente a braços entre o lado humano e o espírito utilitário. Walliams mostra tudo isto envolto numa grande história de aventuras, onde não falta a habitual presença de Raj, o lojista do bairro que vende coisas como chupas em segunda mão, chocolates já lambidos ou muitos artigos que entre si partilham o estar fora de prazo há já algum tempo.” (Ler crítica)
10. “Crenshaw” | Katherine Applegate
Editora: Booksmile
“Entre a magia, as explicações lógicas e a falta delas, “Crenshaw” envolve o leitor de ternura e esperança, mostrando como a amizade, a união e a entreajuda podem fazer valer-se perante as maiores adversidades. Porque “amigo é aquele que surge no momento certo para te lembrar do que é importante”.” (Ler crítica)