“Neste ponto do romance, o leitor está na posse de todos os elementos necessários para construir uma solução completa e lógica do crime. Para tal, há que descobrir os indícios essenciais, reuni-los com lógica e deduzir o único criminoso possível. Isso não só pode ser feito, como até nem é muito difícil, conforme há-de ver.”
As palavras pertencem a Ellery Queen, detective e escritor de romances policiais, num preâmbulo final ao livro “O Mistério dos Fósforos Queimados” (Livros do Brasil, 2016) – e a que decidiu, não sem um particular sentido de humor, chamar “Neste ponto, como é da praxe, desafiamos o leitor”.
Para quem não sabe, Ellery Queen é na verdade o pseudónimo escolhido pela dupla Frederic Dannay (1905-1982) e Manfred B. Lee (1905-1971), ambos ligados à publicidade mas que viam em Sherlock Holmes uma espécie de guia espiritual. “O Mistério do Chapéu Romano” foi editado em 1929 e, até 1971, Ellery Queen surgiu ligado a mais de trinta romances, numerosas novelas, peças radiofónicas, filmes e séries de televisão. Depois da publicação de “Vivenda Calamidade“, “O Mistério dos Fósforos Queimados” é o segundo título de Ellery Queen na recuperada Colecção Vampiro, editada pela Livros do Brasil.
A narrativa gira, toda ela, à volta de um caso de dupla personalidade, apenas descoberto quando um corpo é encontrado em não muito bom estado. Uns dizem tratar-se de Joseph Kent Kimball, um tipo da alta-roda nova-iorquina que só frequentava lugares de bom nome na companhia da sua estilosa mulher; outros dizem que aquele corpo já arrefecido é o de Joe Wilson, um dos espécimes do que se apraz chamar de classe média americana, com a sua casa, mulher e uma modesta moradia nos subúrbios de Filadélfia.
O corpo é encontrado numa Casa de Recuperação a meio caminho entre as suas duas vidas e, numa mistura de jogo de influências e provas circunstanciais, é Lucy – mulher de Wilson – que será acusada do seu assassínio. Uma vez mais caberá a Ellery Queen, amigo do irmão de Lucy, a missão de salvar a honra e um futuro atrás das grades para Lucy, num caso onde tudo parece estar contra ela. Ainda assim, Ellery vê nos fósforos inocentemente deixados no local do crime algo mais do que paus queimados. Para resolver esta embrulhada há-que responder a uma pergunta essencial: o assassino pretendia matar Joseph Kimball ou Joe Wilson? Um caso que aguçará e desafiará o apetite detectivesco do leitor com espírito de detective.
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