Já a vimos este ano por cá, mas não é por isso que este regresso de Hindi Zahra a Portugal merece menos destaque ou motivos de celebração. A cantora franco-marroquina vem ao Misty Fest para um espectáculo no próximo dia 5 de Novembro, no Grande Auditório da Gulbenkian, uma segunda oportunidade para quem não pôde ir a Loulé no passado Verão. E, se esse é um dos motivos para não perder este concerto, um outro é “Homeland”, o último trabalho de Zahra que serve de cartão-de-visita para esta digressão.
Depois da estreia com “Handmade”, em 2010, álbum que fez correr muita tinta e variadas comparações (de Beth Gibbons e Norah Jones, pela sua voz suave e tons de jazz, até Patti Smith, pela faceta de intervenção da sua música), Zahra Hindi assina um álbum quase todo cantado em inglês, mas onde a presença de África é mais forte que nunca. E nem é pela presença da guitarra eléctrica de Bambino ou por haver um tema pertinentemente chamado Cabo Verde. É que, neste “Homeland”, Zahra cruza o jazz e o blues de Billie Holliday com a herança de Umm Kulthum (a Amália egípcia), a morna de Cesária Évora egípcia e o blues do deserto dos tuaregues Tinariwen (e do Bombino, claro).
Além disso, Hindi Zahra volta a homenagear a sua costela berbere, cantando na língua e fazendo disso uma afirmação também política – é daí que lhe vem o epíteto de “Patti Smith do Norte de África”. Que também lhe fica bem, sejamos sinceros. Zahra regressa a Portugal oferecendo uma segunda oportunidade para não a perdermos; mas, se fôssemos mesmo espertos, arranjávamos era forma de lhe oferecer por cá casa a ver se nunca mais se ia embora.
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