Diz-se por aí que são precisos pelo menos dois para dançar o Tango mas, segundo a dupla Justin Richardson e Peter Parnell, o melhor mesmo é serem três. Numa época onde finalmente se começa a aceitar que o amor profundo ou as relações passageiras podem ser vividas entre pessoas do mesmo sexo, “Três com Tango” (Kalandraka, 2016) introduz esta temática aos mais novos, abordando questões como a diversidade, o respeito, a tolerância, ou ter pais/mães do mesmo sexo.
E fá-lo a partir de uma histórica verídica, ocorrida por volta de 1998 quando Roy e Sylo, dois pinguins-de-barbicha do Zoo nova-iorquino de Central Park, se descobriram um ao outro, passando a agir como um casal. Dois anos mais tarde, quando um casal chamado Betty e Porkey estava em grandes dificuldades para tomar conta dos seus ovos (não dá para tomar conta de mais de um de cada vez), o tratador Rob Gramzay decidiu dar a Roy, a Silo e a um dos ovos a oportunidade de formarem uma família, tendo assim nascido Tango. O livro conta esta história absolutamente invulgar: a do primeiro pinguim-fêmea a ter dois pais.
Este foi o primeiro livro infantil de Justin Richardson e Peter Parnell que, se por um lado se tornou um êxito arrecadando vários prémios, por outro foi censurado pelo sector mais conservador, incapaz de olhar a família para lá da sua versão mais tradicional.
A dupla faz uma mistura cuidada de informação com apontamentos mais literários, a que as ilustrações de Henry Cole tratam de dar expressividade, com imagens carregadas de realismo que se alternam com outras servidas em formato vinheta, que ilustram na perfeição a passagem do tempo. Uma história feliz vivida entre pinguins que, felizmente, vai sendo replicada na espécie humana.
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