Marilyn Monroe (1 de Junho, 1926 – 5 de Agosto, 1962) disse a dada altura que, com os sapatos certos, qualquer mulher seria capaz de conquistar o mundo. Norma Jeane Mortenson (mais tarde baptizada Norma Jeane Baker) nasceu em Los Angeles e, apesar da proximidade com a indústria cinematográfica, não teve uma infância repleta de glamour: nunca conheceu o pai e pouco privou com a mãe, que sofria de perturbações psiquiátricas – acabando por ser internada numa instituição para doentes mentais. Por este motivo, Monroe cresceu de orfanato em orfanato, onde foi sexualmente abusada por diversas ocasiões. A única forma de escapar a este cortejo de atrocidades parecia ser o casamento, pelo que deu o nó aos 16 anos com o namorado, Jimmy Dougherty, um marinheiro da Marinha Mercante.
Enquanto trabalhava numa fábrica de munições, em plena Segunda Guerra Mundial, Monroe foi descoberta por um fotógrafo, enveredando pela carreira de manequim. Contudo, era ao mundo do cinema que aspirava, pelo que decidiu pintar o cabelo e adoptar o nome artístico que todos conhecem; no mesmo ano em que se divorciou de Dougherty – 1946 -, assinou o primeiro contracto como actriz. No entanto, o sucesso só chegaria na década de 1950, graças a um convite de John Huston para desempenhar um papel secundário em “The Asphalt Jungle”. Alguns meses mais tarde alcançaria o reconhecimento – tanto da crítica como do público – pelo seu desempenho no aclamado “All About Eve”, onde contracenou com Bette Davis e Anne Baxter.
Embora tivesse muitas dúvidas em relação ao seu próprio talento, Monroe rapidamente atingiu o estrelato, sendo solicitada pelos melhores: Billy Wilder, Joseph L. Mankiewicz, Howard Hawks, Joshua Logan. Ainda assim, as inseguranças atormentavam-na, algo que terá sido decisivo para procurar Lee Strasberg em Nova Iorque, ingressando no célebre Actors Studio. Cansada de papéis que, na sua opinião, não a valorizavam do ponto de vista intelectual, aceitou trabalhar com Laurence Olivier, um actor já plenamente consagrado, em “The Prince and the Showgirl”. Contudo, a rodagem do filme ficou marcada por inúmeros percalços, já que os constantes atrasos e a ansiedade crónica que tomavam Monroe de assalto deixavam toda a equipa exasperada. Ainda por cima, a “empresa” revelou-se um fracasso de bilheteira nos Estados Unidos, intensificando a vulnerabilidade da actriz.
Em 1959, porém, regressaria a Hollywood e ao êxito de outros tempos: “Some Like it Hot” devolver-lhe-ia os aplausos, garantindo a conquista do Globo de Ouro para Melhor Actriz de Comédia. Contracenou com Jack Lemmon e Tony Curtis, de quem se tornou amiga, e o nome da sua personagem, uma cantora que aspira a casar-se com um milionário, assentou-lhe admiravelmente: “Sugar” tem tudo a ver com a forma doce como canta “I Wanna Be Loved By You”. O último filme em que participou não teve a mesma sorte: escrito pelo terceiro marido, Arthur Miller, e realizado por John Huston, “The Misfits” não reuniu o consenso, e acabou por ser considerado um projecto “maldito” – seria a derradeira longa-metragem de todos os protagonistas: Monroe, Clark Gable e Montgomery Clift. Ainda assim, é hoje tida como uma obra-prima por inúmeros críticos de cinema, e os mais atentos dificilmente serão indiferentes à fragilidade de Roslyn/Marilyn, na qual Miller se terá inspirado.
Para além do romancista, Monroe foi ainda casada com Joe DiMaggio, a lenda do baseball, durante nove meses. Sorte ao “jogo”, azar no amor: os relacionamentos pareciam estar sempre condenados ao fracasso e a lista de affairs é sobejamente conhecida: Marlon Brando, Frank Sinatra, Yves Montand e Elia Kazan são apenas algumas das figuras com quem se envolveu. Já para não falar de John F. Kennedy, para quem cantou “Happy Birthday, Mr. President”, pouco antes da morte prematura de ambos.
Monroe morreu aos 36 anos e pediu para ser enterrada com o seu vestido Emilio Pucci favorito. E, embora os filmes em que participou tenham rendido mais de 200 milhões de dólares, pouco ligava aos bens materiais. Curiosamente, aquele que mais estimava era uma fotografia de Albert Einstein, onde o próprio lhe dedicou estas palavras: “Para a Marilyn, com respeito e amizade e reconhecimento.”
Nada mal para quem se sentia intelectualmente diminuída.
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