De Beja a Edimburgo são (mais de) nove horas de distância, poderiam ter cantado os Xutos enquanto se metiam dentro de uma carrinha bem apetrechada para tão longa viagem. Serve esta introdução em jeito de banda-sonora para apresentar A Minha Cidade, a nova colecção com o selo da Pato Lógico que pretende dar a conhecer algumas cidades mundiais através do olhar de quem lá vive ou trabalha.
O esquema e o mote será o mesmo para cada uma das cidades: 1 mapa e 12 sítios, desenhados e comentados individualmente por cada um dos ilustradores. O mapa, esse, apresenta a disposição dessa dúzia de lugares no espaço geográfico, surgindo quando se desdobra uma espécie de folheto ilustrado que, quando aberto, se transforma num impressionante A2 (ou muito lá perto).
“É pequena e encantadora. Tem cerca de 23500 habitantes, que se conhecem quase todos, pelo menos de vista.” É desta forma que Susa Monteiro apresenta “Beja”, cidade à qual regressou depois de ter estudado cenografia, figurinos e cinema de animação em Lisboa. Como boa filha que à casa torna, criou em 2005 – e em boa companhia – a Bedeteca e o Festival de Banda Desenhada, que passam pela Casa da Cultura e puseram Beja no mapa cultural do país.
O olhar de Susa Monteiro sobre a cidade tem um grande peso arquitectónico, sobretudo quando olhamos para o mapa e vemos toda uma série incrível de edifícios, desde a Biblioteca Municipal José Saramago ao Cine-Teatro Pax Julia. Um olhar que se mistura com as sombras, que se dissipam quando olhamos para os doze lugares escolhidos pela ilustradora que nos revela uma cidade cheia de vida e feita de pessoas que se beijam, sobem às muralhas do castelo ou lêem numa esplanada enquanto desfrutam de uma cerveja.
“Conhecida por ser uma das mais belas cidades do mundo, a compacta e montanhosa capital da Escócia é a casa de Arthur`s Seat, um majestoso vulcão extinto situado em pleno centro”. Quem o diz é Marcus Oakley, que vive e trabalha em “Edimburgo” e se diz influenciado pelas harmonias e melodias de todos os géneros de folclore musical, pelas tradições campestres, por andar de bicicleta, pelos estímulos do chá e, também, pela arquitectura ou o design.
Aliás, os seus desenhos são sobretudo centrados em objectos, tão cheios de cor e estilo que parecem ir beber à Pop Art, seja quando se apresenta a Jordan Valley – que tem à disposição do freguês uma enorme variedade de chás e todo o tipo de iguarias, incluindo produtos vegetarianos do Médio Oriente – ou o The Diggers – “coveiros” em tradição literal -, um Pub assim conhecido por estar situado entre dois cemitérios.
Uma colecção muito corajosa e sobretudo fascinante que deixará pequenos e grandes leitores a sonhar com outros destinos. E, provavelmente, com um guia ilustrado das suas próprias cidades.
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