Na sociedade contemporânea, o sentido de urbanidade, enquanto fator diferenciador e personalizado, está intrinsecamente associado à ideia de arte, à conceção de um esboço – aqui entendido no seu sentido mais abrangente – que tende a modelar ambientes, espaços.
A cidade é, portanto, no entender de Mário Caeiro, autor de “Arte na Cidade” (Temas e Debates, 2014), «um fenómeno cultural…com atributos comuns que concorrem com a própria definição de cidade, isto é, um lugar físico, de habitação, de circulação, de trocas, materiais ou espirituais…»
E é essa permuta entre artista, arte e espaço (urbano) que está patente em “Arte na Cidade”, um livro que elucida – ou tem esse propósito – o público sobre as possibilidades que a arte pode fornecer à cidade enquanto lugar envolto de uma contemporaneidade composta por um misto de público e “privado”.
Docente na ESAD.CR (Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha), doutorado em Artes Visuais e Intermédia pela Universidade Politécnica de Valência e Pós-graduado em Design Urbano pela Universidade de Barcelona, Mário Caeiro é, entre muitas outras atividades, responsável pela conceção e produção de projetos culturais e de espaço público desde 1993, sendo um dos mais brilhantes especialistas no que se designou apelidar de Arte Contemporânea, escrita em letras maiúsculas por princípio e convicção.
Ao longo das mais de 600 páginas de “Arte na Cidade”, o leitor assume um papel de voyeur entre artes e expressões várias. Ainda que, numa primeira abordagem, possa ser destinado a estudantes, artistas, arquitetos, designers, urbanistas e engenheiros, este livro extravasa tais fronteiras e incita à reflexão sobre a arte urbana ou no espaço urbano.
Com prefácio de Delfim Sardo, curador e ensaísta de Arte Contemporânea, esta obra convida ao pensamento através de acontecimentos artísticos de diferentes dimensões, bem como à instigação de segredos da linguagem associada à arte pública sob uma visão de futuro. Fruto de várias camadas observativas e refletivas, “Arte na Cidade” apresenta uma nova perspetiva sobre as metamorfoses do espaço urbano provocadas pela intervenção humana.
Para além das mais de seis centenas de páginas, “Arte na Cidade” apresenta ainda uma centena de extratextos coloridos, assim como uma miríade de imagens cinza, funcionando também como uma espécie de “dicionário de conteúdos” associados à plasticidade artística no espaço urbano.
Seguindo os trilhos da arte contemporânea, os projetos urbanos de arte efémera, a linguagem da arte pública, os fundamentos da arte enquanto ferramenta social e a valorização do ato da experiência, o livro de Mário Caeiro revela-se uma extraordinária ferramenta que permite pensar, entender e interiorizar a arte enquanto veiculo atual e em constante evolução.
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