Na última das aulas do FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos, Anabela Mota Ribeiro – a curadora da Folia – aproveitou para dizer em voz alta e pela última vez, antes que o tempo obrigasse à alteração do tempo do discurso: “Sou curadora da Folia“. Na área do Festival onde se esperava mais rambóia, Anabela justificou a escolha do formato aula por considerar que o ensino é também uma festa, um momento de alegria.
Alegria que, ainda que possa parecer um contra-senso, é uma palavra inerente a Clarice Lispector, isto de acordo com Carlos Mendes de Sousa. Defendendo que a vida – e sobretudo a obra – de Clarice foi vivida sem que tivesse sido traçado um destino prévio, o professor ofereceu a uma sala cheia um breve percurso biográfico da escritora, do nascimento na Ucrânia às várias experiências internacionais enquanto mulher de um embaixador, viajando depois, através da leitura de vários testemunhos, poemas, cartas e excertos dos livros de Clarice, a um mundo feito de obsessões e a uma literatura que elegeu, como casa, o não-lugar. Foi bom regressar à escola.
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