Prometedora. É o mínimo que se pode dizer da rentrée da Dom Quixote, que vai trazer às estantes e montras das livrarias deste país muito bom livro.
Em Setembro começamos com “A Lição de Anatomia”, de Philip Roth. Aos quarenta anos, o escritor Nathan Zuckerman é acometido de um mal misterioso – uma simples dor, que começa no pescoço e nos ombros, invade-lhe o tórax e toma conta do seu espírito. Zuckerman, que vivia para o seu trabalho, não consegue escrever uma única linha. Agora, o seu trabalho consiste em arrastar-se de médico em médico, mas nenhum descobre a causa da dor e ninguém consegue mitigá-la. Zuckerman começa a pensar na hipótese de a dor ser causada pelos livros que escreve. E enquanto pensa, a sua dependência dos analgésicos estende-se à vodca e à marijuana.
Setembro traz ainda o terceiro romance daquele que é, por muitos, considerado um dos grandes mestres do romance contemporâneo, ombro a ombro com Donna Tartt. De Jonathan Franzen será publicado “Purity” que, segundo quem já leu, será uma fascinante história de idealismo juvenil, fidelidade extrema e assassínio.
Para os fãs do malogrado Stieg Larsson, a saga Millennium chega ao quarto volume, agora pela mão de David Lagercrantz. Neste “A Rapariga Apanhada na Teia de Aranha” a revista Millennium mudou de proprietários, os críticos de Mikael Blomkvist insistem que ele será ultrapassado e ele próprio considera mudar de actividade. Lisbeth Salander continua imparável e, sem razão aparente, participa num ataque informático, correndo riscos que normalmente teria evitado. Será difícil estar à altura dos três primeiros livros, veremos se o franchising tem pernas para andar.
Numa altura em que se assinalam os 70 anos do final da II Guerra Mundial, a Dom Quixote publica “KL – A História dos Campos de Concentração Nazis” (15 Setembro), de Nikolaus Wachsmann, aquela que é considerada a obra definitiva sobre o assunto. E que, para além do trabalho académico, promete revelações surpreendentes.
A 29 de setembro chega às livrarias “Idade Média IV”, o último volume da monumental enciclopédia sobre o período coordenado por Umberto Eco. Exploradores, comércio e utopias é o sub-título do volume.
Para os candidatos a detective ou que têm no crime uma inspiração, 15 de setembro é o dia da chegada de “Teoria da Investigação Criminal – A Arte de ser Detective”, um ensaio onde Francisco Moita Flores revela alguns segredos e recursos usados pelos polícias para descobrir crimes e mistérios do nosso quotidiano.
Para aqueles que têm boa boca, o final de mês vai oferecer um “Livro de Cozinha”, com 187 receitas, de Matt Preston, reputado crítico culinário e jurado no Masterchef Austrália.
Em Outubro, o ritmo frenético de edição vai manter-se. De Mário Cláudio será lançado “Astronomia”, um romance lúcido, profundo e implacável sobre a vida de um escritor português. Há também “Biografia do Língua”, de Mário Lúcio Sousa – Prémio Literário Miguel Torga -, inspirado na vida de um homem que viveu o colonialismo, a abolição da escravatura, a guerra da independência, a independência, a ocupação, o capitalismo, o imperialismo e o comunismo, sucessivamente e num mesmo lugar.
No campo da não-ficão dois destaques: “ISIS – Por Dentro do Estado do Terror”, onde Michael Weiss (jornalista norte-americano) e Hassan Hassan (analista sírio) entrevistam dezenas de especialistas em contra-terrorismo, oficiais do exército e dos serviços de informação americanos e iraquianos, escrevendo o primeiro quadro completo desta organização; e também “Ir ao Inferno e Voltar”, de Ian Kershaw, o primeiro volume da História do Século XX escrita pelo historiador britânico, que vai até 1949.
No universo do conto ilustrado regista-se o lançamento de “Os Assaltos à Padaria”, um livro de capa dura contendo dois contos do escritor japonês Haruki Murakami e ilustrações de Kat Menschik.
Quanto aos outros lançamentos de Outubro, aqui fica um pequeno resumo mais telegramático, entre edições e reedições: “Da Natureza dos Deuses” – António Lobo Antunes; “Poesia” (novo livro) – Nuno Júdice; “A Instrumentalina” – Lídia Jorge; “Judas” – Amos Oz; “Primeiras Histórias” – Truman Capote; “Dois Anos, Oito Meses e Vinte Oito Noites” – Salman Rushdie; “O Carteiro de Pablo Neruda” – Antonio Skarmeta; “Butcher’s Crossing” – John Williams.
Para Novembro, além do merecido destaque a “O Fantasma”, de Jo Nesbo, o novo volume da extraordinária série protagonizada pelo bad detective Harry Hole, teremos a edição de “Cidade em Chamas”, de Garth Risk Hallberg, o livro que valeu ao autor comparações com David Foster Wallace, Jonathan Franzen, Tom Wolfe e Don de Lillo. Um ambicioso romance de 1000 páginas, uma ode à cidade de Nova Iorque da década de 1970, naquela que será provavelmente a estreia literária mais aguardada do ano.
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