No princípio foi Em Stock, antes da mudança de patrocinador ter implicado, também, a troca do nome deste movimentado festival de duas noites para Mexefest. Foi-se a Super Bock, deram-se as boas-vindas à Vodafone mas a Avenida, essa, não precisou de mudar de sítio, apesar de, ano após ano, o (agora) Mexefest contar com espaços novos, uns que se vão acrescentando à lista inicial – como a Igreja São Luís dos Franceses ou a Sociedade de Geografia – e outros que, infelizmente, fecharam pesarosamente as suas portas – lembram-se do saudoso Cabaret Maxime?
Este ano, a alfacinha Avenida da Liberdade vai receber o Vodafone Mexefest nos dias 27 e 28 de Novembro, esperando-se que para combater a constante ameaça de chuva se mantenham os autocarros gratuitos, as castanhas estaladiças e, também, o chocolate quente (na falta de imperial e quando o frio aperta é um verdadeiro achado).
Os primeiros nomes anunciados para a edição deste ano não poderiam ter chegado de pontos mais afastados do universo musical: Akua Naru, praticante de um hip-hop todo ele espiritual; Ariel Pink, um rapaz que ainda grava em cassetes e sonha em modo lo-fi; Patrick Watson, compositor que navega entre o classicismo e a pop com sabor a cabaret .
Akua Naru começou a escrever e a rimar desde muito nova, destacando-se pela espiritualidade que incutia às suas letras e pelas boas prestações nos concertos ao vivo. A sua fama de cronista viajante reflectiu-se e expandiu-se com “The Journey Aflame” (2011), o longa-duração de de estreia, em que géneros musicais distintos se abrigavam e se fundiam com o seu hip hop muito particular, que evocava nomes como Arrested Development ou Urban Species, apenas para citar alguns.
Editado este ano, “The Miner`s Canary” apresenta todo o arsenal de Akua Naru: sons e ritmos hip hop que nos chegam do passado ou são arrancados a um futuro radioso, rimas com alma e consciência social, um sensual perfume a jazz e uma irmandade sonora verdadeiramente impressionante – a banda que a acompanha tem o nome de DIGFLO -, que nos deixa a sonhar com o que poderá acontecer em cima de um palco. Uma mulher com uma soul de todo o tamanho.
Assina Areil Marcus Rosenberg no BI, mas é como Ariel Pink que tem criado algum hype junto dos ferverosos adeptos indie. Com a sua base de operações montada e Los Angeles, Ariel Pink tem-se afirmado como cantor, compositor, multi-instrumentista e também produtor, nunca escondendo o amor pelo tempo em que eram as cassetes quem mais ordenavam (e sobretudo gravavam).
Com três discos editados pela conceituada 4AD, o som de Ariel Pink tem tanto de Animal Collective como de Fiery Furnaces, mas se quisermos escolher um adjectivo pomposo para abarcar tudo aquilo que este americano já editou provavelmente escolheremos este: ecletismo.
No que diz respeito a concertos em Portugal, Patrick Watson é um teimoso repetente. Nascido em 1979 no tranquilo Canadá, Watson tem em “Close To Paradise” (2007) o seu disco mais apreciado, com o qual conquistou – nesse mesmo ano – o Polaris Music Prize.
Ficou também para a história a sua colaboração em “Ma Fleur”, disco dos The Cinematic Orchestra em que escreveu alguns dos temas e onde interpretou algumas das canções. Depois de discos onde experimentou um pouco de tudo formou um grupo com Simon Angell, Robbie Kuster e Mishka Stein, que foi baptizado de… Patrick Watson.
No Mexefest, na apresentação ao mais recente “Love Songs For Robots” (2015), é de esperar por vozes em loop, serras uivantes e, seguramente, um megafone. E, com sorte, Watson dará um passeio entre o público a meia-luz. Como o fez há alguns anos quando ainda se dizia Em Stock. Faltam ainda quatro meses mas a Avenida, essa, já Mexe.
Os bilhetes já estão à venda e, até 30 de Setembro, serão mais baratos.
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