Esta é a mais recente aposta da Devir no mercado japonês, estabelecendo-se cada vez mais como a editora oficial de mangá em Portugal. Neste mundo criado por Sui Ishida, os Ghoul não só existem como são do conhecimento público, existindo forças especiais de segurança cuja única missão é livrar a terra destes supostos monstros.
O Ghoul é um espírito maléfico originário da mitologia árabe e que goza de um reconhecimento em Portugal muito inferior ao dos vampiros, lobisomens ou zombies. No entanto, tal como os seus semelhantes, também sofre do mesmo mal de se alimentar de humanos.
A narrativa segue Ken Kaneki, um jovem estudante universitário que leva uma vida relativamente ordinária até ao dia em que o seu destino se cruza com o dos Ghouls. Kaneki podia até acreditar na existência destas criaturas místicas, mas estava longe de imaginar até onde alastrava a civilização organizada que possuem no Japão.
Esta é mais uma daquelas histórias que tem por objectivo seguir a conversão de um humano, explorando o conflito interior entre a sua humanidade e a sua nova sede por sangue – substituam vampiro ou zombie por Ghoul e têm uma história igual a tantas outras. Existem alguns apontamentos interessantes como o paralelismo entre a conversão de Kaneki e a história do livro (fictício) que se encontra a ler – “O ovo da Cabra Negra” de Takatsuki -, bem como as alusões à “Metamorfose” de Kafka. Porém, tratam-se de pormenores insuficientes para esconder o simples facto de que “Tokyo Ghoul” é apenas mais uma história no meio de tantas outras iguais e uma que não consegue, para já, distinguir-se em nenhum campo ou tema dentro do género.
Os desenhos de Sui Ishida são competentes, com a narrativa a ser bem transmitida para o leitor. No entanto, nota-se que ainda existe espaço para o autor crescer mais. Os combates com os Ghouls, por exemplo, acabam por ser das partes menos conseguidas, visualmente desinteressantes e por vezes até confusos, algo que parece ser fruto de uma estética Ghoul pouco explorada – falta definição a estas criaturas, nomeadamente às suas famosas garras. Em termos de capa a edição é uma das que mais se distingue na editora, devido ao seu formato e à opção de um capa em papel não brilhante. Neste caso é pena que um livro não se julgue realmente pela capa.
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