Neste 16º volume, Masashi Kishimoto traz-nos a conclusão do arco da Invasão de Konoha, o ataque que decorreu a esta aldeia oculta da folha durante os exames Chūnin a mando de Orochimaru. Neste confronto de proporções enormes faltava apenas assistirmos ao final de dois dos maiores embates que lemos até agora em “Naruto” (Devir): de um lado, o confronto da juventude entre Naruto e Gaara; do outro, o da experiência entre o 3º Lorde Hokage e o seu antigo discípulo, o venenoso Orochimaru. São ambos combates muito emblemáticos devido à carga emocional e simbólica que existe entre cada opositor.
Tanto Naruto como Gaara são jinchūrikis, ou seja, portadores de espíritos temíveis e imensamente poderosos, uma característica que sempre os distanciou da comunidade, forçando-os a uma infância de solidão e sofrimento. Hoje, Naruto é um jovem muito diferente de Gaara, mas não sem ter consciência do papel que os seus amigos tiveram na pessoa em que se tornou e na vida difícil que o seu adversário também teve de aguentar. É por isso que, no final do embate, Naruto não oferece o punho fechado a Gaara, mas antes a sua mão aberta, uma mão de amizade, voltando a provar que a sua maior força não está nas suas capacidades ninja, nem na raposa de nove caudas que contém dentro de si: está no seu coração puro. Do outro lado, além de termos tido um momento especial onde foi patente a tristeza que existe entre este mestre e discípulo, presenciámos também um dos maiores confrontos ninja alguma vez vislumbrados nesta série. Kishimoto continua a surpreender com a sua imaginação e, depois de termos visto mortos a ressuscitar e enormes gorilas a combater, era tempo de dar por concluída esta investida.
“Naruto” pode ser uma série herdeira de “Dragon Ball”, carregada de conveniências narrativas, mas mesmo assim não deixa de ser muito competente a trabalhar o seu enredo, conseguindo sobressair especialmente na forma tão distinta como criou este universo de ninjas. Os combates que aqui presenciamos são diferentes de tudo aquilo que vimos até hoje, conseguindo manter sempre presente uma ligação emocional ao leitor. Porque os confrontos nunca são apenas físicos, há sempre algo maior a contar, misturando-se enredos de forma dinâmica e carregada de suspense.
Após a invasão de Konoha temos alguns capítulos de reflexão sobre o futuro da aldeia e o desvendar dos planos que uniram Orochimaru à aldeia escondida da areia. Porém, nada fica parado muito tempo nesta história e uma antiga presença regressa à sua terra natal, ameaçando mais do que todos os vilões juntos até à data.
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