O ilustrador Manuel Marsol já nos havia surpreendido com o álbum “O Tempo do Gigante“, galardoado com o Prémio Amadora BD 2015 para Melhor Ilustração de Livro Infantil, mas foi com “Ahab e a Baleia Branca” (Orfeu Negro, 2016), publicado originalmente em 2014 e lançado em Portugal este ano pela Orfeu Negro, que nos fez abrir a boca de puro espanto.
Tomando como inspiração “Moby Dick”, um dos maiores clássicos da literatura – e aquele que oferece um maior número de camadas interpretativas -, Marsol leva o leitor a viajar com Ahab, o capitão do Pequod que, depois de um avistamento perto de Nantucket, tomou como destino perseguir e caçar a maior e mais branca baleia de todos os mares: Moby Dick.
Marsol desenha em páginas duplas e enormes, onde há montanhas que tremem com o bater das ondas, barcos naufragados e mares onde vivem medusas, criando verdadeiros quadros que parecem ter nascido no território dos sonhos.
Trata-se de um álbum maravilhoso que, seguindo o tema dos U2 onde se revela que “She moves in misterious ways”, nos guia até às coisas que permanecem para sempre um mistério, numa eterna demanda que se torna o próprio sentido da existência. Depois disto, não há como escapar à (re)leitura de Moby Dick.
“Em Moby Dick, Herman Melville dá a impressão de ter estado perto de tocar em cada palavra pelo menos uma vez. Naquele livro a linguagem é comprimida e retratada com uma agilidade shakespeariana. Nenhum outro romancista de língua inglesa do século XIX habitou a cidade das palavras da mesma forma que Melville. Em comparação, os outros ficaram-se pelos subúrbios.”
James Wood, In “A Herança Perdida” (Quetzal, 2012)
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