Continua em muito bom ritmo a colecção Grandes Vidas Portuguesas, nascida de uma parceria celebrada entre a editora Pato Lógico e a Imprensa Nacional – Casa da Moeda. Depois de Fernando Pessoa, Aníbal Milhais, Salgueiro Maia e Almada Negreiros, conta-se agora aos mais novos a história de mais quatro personalidades que, de alguma forma, se distinguiram na História de Portugal.
Aristides de Sousa Mendes, apresentado como “Um Homem de Coragem”, era o cônsul português em Bordéus em 1940, numa altura em que os judeus tentavam atravessar as fronteiras espanholas e portuguesas como forma de cruzarem o Atlântico, rumando a países mais acolhedores como os Estados Unidos, o México ou o Brasil. Com o clima de terror absoluto instalado na Península Ibérica através dos regimes de Salazar e Franco, Aristides contrariou as ordens recebidas e assinou milhares de vistos que permitiram a muitos milhares de judeus alcançar o sonho de libertação.
Azeredo Perdigão foi o protagonista de “Um Encontro Feliz”, a partir do momento em que o seu caminho se cruzou com o do milionário arménio Calouste Gulbenkian. Se o acaso não nos tivesse brindado com este acontecimento, talvez não tivesse sido possível assistir à criação de uma das mais importantes fundações sediadas em Lisboa, dedicada ao apoio das artes, da ciência e da educação.
Nascido em 1850, Alfredo Keil era homem para colocar ”A Pátria Acima de Tudo”, tendo tido uma vida privilegiada que lhe permitiu ser pintor, poeta e músico, apupado pela crítica e elogiado pelos amigos e a realeza. Adepto do coleccionismo – sobretudo de instrumentos musicais – e iniciado na Maçonaria, Alfredo Keil acabou por se insurgir contra o ultimatum inglês de 1890, que exigia o abandono das pretensões portuguesas em África, compondo A Portuguesa, que se viria a tornar no hino nacional português. Que, então, se cantava de forma diferente: contra os bretões marchar, marchar.
Para o fim ficou Ana de Castro Osório, “A Mulher que Votou na Literatura”. Estamos nos primeiros anos do século XX, altura em que as mulheres não tinham direito ao voto e pareciam predestinadas a servirem eternamente como fadas do lar. Ana de Castro Osório foi uma activista pela pena, uma mulher dos sete instrumentos, a mãe da literatura infantil nacional e a primeira mulher do país que terá conseguido viver da actividade literária. E que, no meio de tantos mundos, ainda arranjou tempo para viver um romance platónico e ultra-secreto com Camilo Pessanha.
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