Um monumento. Podíamos terminar por aqui, mas talvez fosse caso de exagero, ao jeito de um elogio fúnebre, o tipo de culto que só aos autores mortos se presta. Se nos despachássemos em apenas três linhas, era para o lado que o falecido J.G. Ballard dormia melhor. Seria, contudo, injusto para o legado do autor e o trabalho exemplar de Marta Mendonça, Rute Mota e a Elsinore, respectivamente tradutoras e chancela da editora 20/20, não descurando, também, uma merecida menção ao trabalho gráfico de Lorde Mantraste. São os responsáveis pela chegada de “Arranha-Céus” (Elsinore, 2015) ao ciclo editorial preparando-nos, assim, para a adaptação cinematográfica de Ben Wheatley. James Graham Ballard escreve bem sem darmos por isso. Até é provável que a certo ponto achemos que escreve mal, dada a quase exclusividade funcional da sua prosa. Temos o essencial descritivo para mapearmos um micro-cosmos que, à escala do mundo, não se quer conter em tamanho. De embelezamento destacamos as comparações recorrentes, que o autor domina com mestria, regendo-se em torno de imagens fortes e memoráveis. Se há algo de complexo em “Arranha-Céus”, é o seu cariz alegórico. O caos urbano manifesta-se na aglomeração de corpos na vertical que o mundo moderno, … Continue reading “Arranha-Céus” | J.G. Ballard
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