Numa fábula extensa mas esteticamente muito apelativa, sobretudo devido à alta qualidade das ilustrações que acompanham a narrativa e a complementam, é enternecedora a forma como Filipa Sáragga nos faz chegar a uma história onde nos deparamos com uma princesa peculiar que tem um tom de pele diferente.
Clara é a Princesa Azul que descobrimos em “A Princesa Azul e a Felicidade Escondida” (Marcador, 2015), e é desta forma que é tratada e conhecida por todos no Reino Distante. Todos os animais a conhecem desta forma, sendo que muitos a desprezam e ousam assim aproveitar-se das suas fraquezas, sobretudo o ganso Maléfis (cujo nome serve de homeagem ao Deus da discórdia, Eris) para agudizar o seu sofrimento.
No entanto, no Reino Distante existem também animais que não permitem que Clara sofra sozinha, sejam a libelinha Aurora ou o peru Júlio Túlio, por quem Clara se apaixona. No entanto, a tonalidade da sua pele não permite que a família de Júlio a aceite, fazendo com que este se afaste intencionalmente dela – o que lhe irá devolver a tristeza que pensava ter já esquecido.
Num acesso de coragem – que o livro nos ensina a ter -, a princesa Clara decide ir ate ao único local interdito do Reino, a Floresta Negra, para que a especial Rosa-Baú lhe forneça uns cristais que a levem a ver a vida de modo diferente. Essa viagem, peça central do livro, é um acto de superação, onde Clara conhece os seus medos consegue vencê-los, tornando a adversidade em algo de positivo, aquilo que de facto é a mensagem que se lê nas entrelinhas deste tocante enredo.
Toda esta obra é um imenso percurso, uma viagem para que Clara, um dia, consiga ser Rainha, juntando à grandiosidade da Mãe o sentido de Justiça do Pai. Ao conhecer todos os animais do Reino Distante, Clara irá também conhecer-se a si mesma e fazer sucessivos balanços, com a ajuda fundamental da Rosa-Baú, para quem nunca os juízos de valor perturbam o sentido de igualitarismo que se impõe num reino de harmonia onde sentimentos contraditórios, de uns, dão sentido aos sentimentos de outros.
Antes de a Princesa Azul chegar finalmente a Rainha, Filipa Sáragga ensina-nos que a verdadeira felicidade não surge de ter vidas perfeitas, mas sim de vidas onde a superação de obstáculos é prática comum. Numa palavra se pode resumir a experiência de leitura deste livro: encantamento.
3 Commentários
Gostei imenso deste livro.
Gosto muito deste livro porque ensina-me muitas coisas
Comprei este livro na feira na.minha escola em Timor -leste
E tornou a minha favorita
Amei o livro!
E uma história bem interessante.